A repórter de 59 anos Salud Hernández-Mora estava a cobrir a zona colombiana dominada pelo Exército de Libertação Nacional. Foi libertada este sábado juntamente com dois jornalistas.
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Salud Hernández-Mora, repórter espanhola de 59 anos, foi libertada pelo exército colombiano, depois de cinco dias em cativeiro. A jornalista, que não é particularmente conhecida por se retratar, concedeu que o território onde fazia reportagem era, de facto, inóspito: "As pessoas dirão que sou imprudente e idiota, e certamente têm razão, porque sou imprudente e idiota."
O sequestro iniciou-se com Salud a aceitar boleia de mota de um membro da guerrilha colombiana, depois da promessa de reaver material de reportagem que lhe tinham retirado. "Sempre fui imprudente, portanto aceitei. Um repórter tem de ser imprudente porque senão não consegue 70% das histórias", revelou aos meios de comunicação social presentes.
"Todos os dias me mudavam de sítio e várias vezes ao dia."
"Vai ficar connosco uns dias", disseram-lhe a responsáveis pelo sequestro. "Trouxeram-me roupa. Todos os dias me mudavam de sítio e várias vezes ao dia. As deslocações demoravam várias horas e eram feitas durante a noite. Quando começava a escurecer mudavam-me de sítio", explicou Salud, fazendo o retrato da estratégia logística dos guerrilheiros.
Salud Hernandez-Mora revelou que se apercebeu de que a procuravam quando ouviu, pela rádio, o comunicado sobre a sua procura, apelando à revelação de informações sobre o seu paradeiro. "Na segunda-feira tivemos de sair a correr porque ouviam-se os helicópteros à nossa procura. Escondemo-nos num abrigo. Na terça avistamos aviões a espiar o local", frisou a veterana jornalista.
Raramente consensual e envolvida em muitas polémicas ao longo da sua carreia profissional, a sua libertação foi naturalmente celebrada pelos profissionais do jornalismo e pelos representantes estatais, num acontecimento que permitiu também que dois repórteres colombianos fossem libertados.
O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel García-Margallo, revelou que pode ver Salud Hernandez-Mora pela televisão: "Está animada e fez declarações coerentes. Parece estar com vontade de continuar a informar-nos do que se tem passado na Colômbia."
A jornalista considerou ainda que o seu sequestro "foi um erro tremendo por parte do Exército de Libertação Nacional " e que até àquele momento nunca tinha tido nenhum problema num território que é considerado estar em guerra por muitos analistas.