Banda de Fred Durst provocou uma das maiores enchentes da história do festival de Vila de Mouros. Xutos & Pontapés fizeram a sua “memory lane”. E Enter Shikari bem tentaram agitar as massas, mas não há fôlego para tudo.
Corpo do artigo
Imagine-se o mar encapelado do Norte do país: redemoinhos, ondas inesperadas, correntes traiçoeiras e vagas que se entrechocam numa explosão de espuma. Foi mais ou menos isso que se viu na plateia de Vilar de Mouros, quarta-feira à noite, durante o concerto dos Limp Bizkit, banda que provocou uma das maiores enchentes da história do festival.
Fred Durst, o vocalista, barba branca e boné vermelho, bermudas com flores e canelas tatuadas, até entrou de mansinho, movendo-se com parcimónia ao som de “Out of style”, tema do álbum mais recente, “Still sucks”. Mas foi só uma ilusão de bonança. Logo se encastelou o mar com os acordes de “Dirty rotten bizkit” e, ao tempo de “My generation”, rigorosamente acompanhado por um coro de milhares, até bóias com forma de cisnes e flamingos flutuavam entre o público como balões.
Foi um espetáculo portentoso daquilo que, à época da estreia dos Limp Bizkit, em 1997, com “Three dollar bill, y’all”, se convencionou chamar de rap metal, ou seja, um combinado de hip hop, de rimas afiadas e velozes, com o ranger impiedoso do rock pesado.
Durst convidou gente para subir ao palco. Achou uns “chatos” os primeiros rapazes e despachou-os depressa. Mas o convidado seguinte, alguém que o vocalista conhecera no aeroporto, foi surpreendente: agarrou num microfone e cantou à compita com Durst “Full Nelson”.
Do álbum “Chocolate starfish and the hot dog flavoured” (2000), o mais retumbante do grupo, saiu um punhado de temas que acirrou a tempestade, amainada por minutos com a belíssima versão de “Behind blue eyes”, dos The Who, e novamente atiçada com “Break stuff”, canção que fechou o concerto e provocou as últimas “maverick”.
Xutos & Pontapés desfiaram memórias
Um pouco antes, atuaram os Enter Shikari, que se esforçaram por envolver o público na sua combustão de eletrónica e hardcore, mas o fôlego estava guardado para os Limp Bizkit. Já os Xutos & Pontapés, que encerraram a primeira noite, aproveitaram um certo amortecimento para desfiar os seus clássicos e convocar memórias, como a da passagem, em 1982, por este mesmo lugar.
O festival prossegue esta quinta-feira com Nowhere to Be Found (19.30 horas), Millencolin (21 horas), The Prodigy (22.45 horas) e The Bloody Beetroots (00.30 horas).