O uso do português nos documentos oficiais do Comité Olímpico Internacional pode vir a ser adotado a curto prazo.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros, Artur Santos Silva considerou que o facto de os Jogos Olímpicos deste ano se realizarem no Brasil, país que fala português, "pode constituir uma oportunidade para que a língua seja de futuro também adotada no Comité Olímpico Internacional".
O governante apresentou, esta terça-feira, em Lisboa, o programa oficial das celebrações do Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), que se realizam na quarta-feira em 58 países dos cinco continentes. Santos Silva lembrou que, sendo o português falado por 260 milhões de pessoas, o que faz com que seja a terceira língua indo-europeia mais falada do mundo, há que "afirmar a sua internacionalização, promover o seu ensino e as culturas que se exprimem em português".
Dia da Língua Portuguesa celebra-se na quarta-feira
A importância estratégica que a língua portuguesa tem no mundo está já plasmada no facto de esta ser a língua oficial ou de trabalho de 32 organizações internacionais. A 33.ª poderá muito bem ser o Comité Olímpico Internacional.
O Dia da Língua Portuguesa e da Cultura na CPLP conta com o apoio ou iniciativa da rede do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua. Cerca de duas centenas de diferentes atividades foram programadas tendo em vista, nas palavras do ministro dos Negócios Estrangeiros, "a afirmação crescente da Língua Portuguesa nos estados membros e na comunidade internacional".
Ciclos de conferências, mesas-redondas com escritores, palestras com professores universitários, cursos, seminários, saraus literários, concertos, festivais de cinema e mostras gastronómicas fazem parte das programação da iniciativa que se prolonga até ao próximo mês.
Questionado se a posição do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre o acordo ortográfico poderá fazer Angola e Moçambique hesitar quanto à ratificação, Santos Silva escusou-se a comentar e limitou-se a remeter para as declarações do chefe de Estado.
Mas também adiantou que Portugal "aguarda serenamente" a conclusão da ratificação do acordo ortográfico pelos membros da CPLP que ainda não o fizeram.
O ministro lembrou que o acordo ortográfico "é uma convenção internacional adotada pelos países da CPLP", que "já foi ratificada e encontra-se em vigor em Portugal e em mais três países. Como ministro dos Negócios Estrangeiros, não preciso de acrescentar mais nada nem devo", disse apenas.
Já quanto à atual situação da Língua Portuguesa na Guiné-Equatorial, Santos Silva lembrou que o uso sistemático do português nos documentos oficiais e o ensino da língua são condições essenciais da adesão plena daquele país à CPLP.
Outra "condição essencial", para o Governo português, é o ensino da língua portuguesa "em todo o sistema educativo" da Guiné Equatorial, o único país de língua espanhola no continente africano, que aderiu à organização lusófona em 2014.