
"Omegaville", dos espanhóis Los 3 Cerditos, inaugura o festival no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, com uma crítica social
Foto: Paulo Abrantes
Arranca esta quinta-feira em Coimbra o festival que é um laboratório das artes performativas. A programação inclui, além de espetáculos de dança, exposições, conversas e oficinas. A abertura é com "Omegaville", uma performance de cinema expandido dos espanhóis Los 3 Cerditos.
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A quinta edição do Festival Linha de Fuga, que se prolonga até 30 de novembro, tem como mote "a perfomatividade da amizade". "Queríamos falar não só da amizade, mas daquilo que é praticar a amizade e que acaba por ser complexo, difícil, e algo que tem que se alimentar", diz a curadora Catarina Saraiva.
O tema atravessa todo o cartaz do evento, nomeadamente o laboratório e o programa de discursos críticos. "A nossa proposta é que os artistas reflitam e levem consigo a ideia de como performar a amizade, mas também que os espetadores reflitam sobre porque é que se está a falar do tema", explica a curadora. "É muito aberto e, ao mesmo tempo, provocador", acrescenta.
Dança, crítica e humor
Com uma programação que pretende dar "várias perspetivas" do que é dança contemporânea, o Linha de Fuga arranca, abre com "Omegaville", dos espanhóis Los 3 Cerditos, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra Dez anos depois de terem criado um espetáculo sobre a especulação imobiliária, regressam agora com uma crítica ao estado da sociedade.
As espanholas Mucha Muchaca apresentam "Para cuatro jinetes", no Convento São Francisco, dia 8, abordando o significado do folclore, com movimento e humor. No dia 11, Jan Fedinger sobe ao Teatro Académico de Gil Vicente com "Land[e]scapes". Sem ninguém em cena, a coreografia é toda feita "entre os elementos teatrais", como a luz, o som e o fumo, segundo Catarina Saraiva.
Segue-se, dia 13 de novembro, "La foresta trabocca", do italiano Antonio Tagliarini, no Convento, e, no dia seguinte, "King size" de Sónia Baptista, no Teatro Académico, em que, de forma humorística, fala da sociedade patriarcal. Adriana Reys encerra o evento com "Coreografias selváticas", dia 29, na Estufa Tropical do Jardim Botânico.
Espectadores escolhem quanto pagar
Além de conversas, exposições e oficinas, o festival promove o laboratório de criação com 11 artistas internacionais e nacionais. "É um grupo muito híbrido que vai desde o cinema à fotografia, dança e antropologia, e que toca diferentes perspetivas de praticar as artes", diz a curadora Catarina Saraiva. As apresentações informais decorrem a 22 e 23 de novembro.
O festival decorre em várias salas de Coimbra, com o preço dos bilhetes a variar entre três e 10 euros. Há atividades gratuitas e outras em que o público define o seu próprio preço. Segundo Catarina Saraiva é uma forma de combater a ideia de que "não é viável" ir a espetáculos, "porque são caros".
