A partir de sábado e até janeiro, chegam à capital versões ampliadas das duas mostras que foram criadas para homenagear os autores e o seu legado.
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Dois nomes maiores e incontornáveis das artes e cultura portuguesas, Natália Correia (1923-1993) e Mário Cesariny de Vasconcelos (1923-2006), teriam em 2023 assinalado 100 anos de vida, motivo para a estreia em Lisboa, agora que o ano se aproxima do fim, de duas importantes exposições internacionais e antológicas que os celebram.
Entre 16 de dezembro e 27 de janeiro de 2024, as duas mostras distintas dão ao público português a oportunidade de conhecer, numa versão ampliada, as exposições que assinalaram as datas em Paris, na Maison du Portugal - André de Gouveia (Natália Correia), e em Copenhaga, na Davis Gallery - Contemporary Art (Cesariny).
Em relação à primeira mostra, "Centenário de Natália Correia & 10 Anos da Casa da Liberdade - Mário Cesariny” inaugura sábado na Casa da Liberdade em Lisboa, tendo como propósito homenagear a poetisa e política portuguesa que foi uma das mais proeminentes feministas durante a ditadura. A exposição junta obras-chave do percurso da Casa da Liberdade, com outras apresentadas em Paris e na Biblioteca Calouste Gulbenkian.
Abrangendo uma vasta variedade de trabalhos (e autores) que interligam com a produção literária de Natália Correia, a mostra pretende, anuncia a promotora Perve Galeria, “enriquecer o contexto histórico e estético da autora, bem como o seu universo criativo”, assumindo ainda um caráter antológico sobre a trajetória da Casa da Liberdade - Mário Cesariny ao longo da sua primeira década de existência.
"Cesariny - Lusofonias - Surrealismo"
Em simultâneo, no espaço da Perve Galeria será inaugurada, também no sábado, a mostra "Cesariny - Lusofonias - Surrealismo", dando continuidade ao ciclo de celebração do centenário de nascimento do fundador de “Os Surrealistas”.
Neste caso, a mostra representa um segundo tomo da aclamada exposição homónima, que prestou homenagem ao autor na Dinamarca este ano, e que o público português tem agora finalmente oportunidade de ver em Lisboa.
Pela apresentação de obras da Coleção Lusofonias da Perve Galeria, "Cesariny - Lusofonias - Surrealismo", explora a influência da produção artística do poeta e pintor sobre os seus contemporâneos que trabalhavam nos países de língua portuguesa.
De seguida, e partindo dessa dinâmica, “aborda-se também o modo como os artistas mais jovens estão a transformar o seu legado, incorporando-o nas linguagens artísticas contemporâneas”, acrescenta a Perve Galeria.
Novidade na exposição patente em Lisboa, relativamente à da Dinamarca, é a inclusão da obra de Marya Al Qassimi (1993), importante artista dos Emirados Árabes Unidos, sobrinha do Sheikh Sultan bin Muhammad Al-Qasimi, o colecionador de arte moderna e contemporânea do médio-oriente que fundou Barjeel Art Foundation. “A sua obra articula, de modo pioneiro, uma expressão de índole surrealista, com base no automatismo psíquico, com referenciais árabes e do médio-oriente”, justifica a promotora.
A inauguração este sábado, entre as 17h e as 20h, será marcada pela apresentação da vídeo-performance “O Lado Oculto das Máscaras” de Vanessa Paz, artista brasileira radicada em Portugal. No mesmo dia, pelas 18.30h, o público poderá assistir a uma especial e inédita apresentação de Paulo Bragança, que dará voz às palavras dos dois poetas cujo centenário de nascimento se assinala, musicados e interpretados a capella. Finalmente, e em articulação com os fados inéditos de Paulo Bragança, o artista plástico Pedro Amaral, fundador do coletivo Borderlovers, realizará uma performance plástica, pintando ao vivo obras dedicadas a este duplo centenário.
As exposições estarão patentes na Casa da Liberdade Mário - Cesariny e na Perve Galeria até 27 de janeiro de 2024.