O concelho de Braga tem 134 "Alminhas"», “pequenos oratórios que se levantam ao ar livre em honra da almas dos mortos, cada um deles abrigando um painel com a representação do Purgatório”.
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O seu inventário consta do livro "Nichos de Alminhas do concelho de Braga", da autoria de José Pinto da associação Rusga de S. Vicente, de Braga e da historiadora e conservadora Aida Mata – que coordenou cientificamente a pesquisa - e que hoje foi apresentado na terceira edição das "Conferências Rusgueiras - Arco Cultural/25", no Palácio do Raio, em Braga.
Na apresentação da obra, o arqueólogo Luís Fontes salientou que, para além das 134 alminhas espalhadas por caminhos, ruas, estradas ou locais de montanha das 62 freguesias do concelho, há muitos outras, não inventariadas no livro, no interior de igrejas e de outros locais de culto, como capelas de casas senhoriais.
“Os nichos das alminhas são um património imóvel que importa preservar, mas o mesmo sucede com a sua vertente imaterial traduzida no culto dos fiéis existente sobretudo no território da antiga província de Entre-Douro-e-Minho”, salientou.
O arqueólogo vincou que os dois autores percorreram centenas de quilómetros em buscas das Alminhas, tendo-o feito, no caso de alguns nichos, duas ou três vezes: “temos aqui o registo do nome dado a cada uma, a localização exata, a data de criação e a propriedade, bem como a correspondente ilustração fotográfica”, sublinhou. Acrescentou que, foi, ainda, consultada a bibliografia existente sobre o tema e ouvidos os vizinhos dos locais onde estão implantados, bem como as respetivas paróquias.
O livro refere que o culto das almas remonta a 1274, quando o II Concílio de Lião da Igreja Católica afirmou a existência do Purgatório e a eficácia dos sufrágios pelas almas, e é revigorado com a Contra Reforma e o Concílio de Trento, quando o tema do Purgatório adquiriu uma importância que o tema até aí nunca tivera".
Em Portugal, as primeiras figurações artísticas aparecem em finais de quinhentos com iconografia semelhante à de todo o mundo católico.
A edição do livro, com 303 páginas e centenas de fotografias, só foi possível com os apoios do DST Group, da Santa Casa da Misericórdia de Braga, bem como do Município, da Junta de Freguesia de S. Vicente e da Fundação Inatel.
A Rusga de S. Vicente-Grupo Etnográfico do Baixo Minho iniciou o "Projeto Alminhas" em 2012.