Lojas fantasmagóricas assombradas pela arte em Braga

Um cinzento e obsoleto Shopping Santa Cruz, mandado erguer na década de 1980 no centro de Braga, já há muito perdeu a atratividade. Tem janeiras de madeira a apodrecer, vidros com pó, uma porta de correr manchada pela ferrugem - e lá dentro apenas resistem pequenos espaços de comércio. Como este, na cidade, há outros: são shoppings de primeira geração que continuam abertos, mas passam quase despercebidos a quem anda na rua, o que lhes dá uma certa aura fantasmagórica.

A ideia do projeto "Shopyard", concebido para Braga 25 - Capital Portuguesa da Cultura, foi recentrar estes edifícios no debate urbano e artístico contemporâneo, usando a arte para lhes voltar a dar a vida que perderam. Instalado na loja 33 do Shopping Santa Cruz e com projeto de reabilitação do atelier de arquitetura Oitoo, entre novembro de 2024 e novembro deste ano, o "Shopyard" foi um campo de ensaio contínuo, com visitas guiadas, assembleias, oficinas, residências artísticas e uma "summer school" de arquitetura.

É também no Shopping Santa Cruz que até domingo pode ser vista a exposição final, distribuída pelos vários pisos, que reúne as 16 obras desenvolvidas ao longo desse percurso, sem que em nenhum momento se procure romantizar a decadência. Pelo contrário: admitem-se os problemas, as falhas, os conflitos subjacentes.

Com curadoria dos Space Transcribers (Daniel Duarte Pereira e Fernando P. Ferreira), a exposição reúne 16 peças artísticas e arquitetónicas de cocriação, desenvolvidas por Ana Areias, Artristas, Bureau, Coletivo P22, Coletiva Ta Ta, Gonçalo Araújo, Inês Barros, Kindergarten Coletivo, Maria João Petrucci, Marisa Fernandes, Miguel De, Mónica Faria, Oitoo, Ouest Architecture, Pedro Augusto e Svenja Tiger.

"Shopyard"
Shopping Santa Cruz, Braga
Das 10 às 20 horas
Até 23 de novembro
Grátis