<p>Na década de 80, nas paredes dos institutos de línguas, o encontro com a frase "If you're tired of London, you're tired of life" - agarrada a um cartaz com o respectivo Big Ben - era uma ocorrência quase tão clássica como a cidade que promovia.</p>
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Todavia, Londres pode, de facto, contribuir para a exaustão. Basta olhar para o guia de ruas da capital inglesa. Então, a verdadeira envergadura da tarefa a levar a cabo por quem quer descobrir os passos da intemporalidade do mito londrino ganha corpo. E um suspiro nasce. O fascínio também...
Londres tem tudo. Em demasia. Mas nunca é demais. Estão lá a Revolução Industrial, o punk, as casas que acolheram Dylan Thomas (em Camden Town) e George Orwell - alojada em Portobello Road, no extremo mais próximo de Notting Hill Gate -, a realeza mais bizarra do planeta, a ponte e o relógio europeus mais violados pelas máquinas fotográficas, o fantasma fictício de Sherlock Holmes, o Arsenal...
Felizmente, a cidade real não é a dos postais. É a dos passeios de fins de tarde frios e secos, desfrutados de sentidos presos à imensidão de pessoas, lojas, casas, veículos, ruelas. Em Londres, as mais ínfimas coisas vêm em quantidades copiosas.
Estar na Berwick Street, no Soho, num café marroquino, a travar conhecimento com um italianíssimo "caffè espresso" enquanto se observa a vida de um dos mercados de rua mais célebres de Londres é um momento cinematográfico. Mas, lá está, não raras vezes, a realidade ultrapassa a ficção. E soube muito bem. O café também...
"Se está cansado de Londres, está cansado da vida", proclamou Samuel Johnson, no século XVIII. Há algo de exagero, é certo. Por isso é que há paixões.