Lusa encerra serviços devido à greve. Trabalhadores vão a São Bento manifestar-se
A greve da agência de notícias Lusa está a ter forte impacto na agência de notícias portuguesa. Após 14 horas sem qualquer notícia na linha, a diretora anunciou o fecho do serviço aos clientes.
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"Por respeito à greve decidida pelos trabalhadores e na defesa da dignidade do serviço público prestado pela agência, a Direção de Informação da Lusa decidiu interromper o serviço da agência de notícias", lê-se numa nota aos clientes, assinada pela diretora da Lusa, Luísa Meireles. "O serviço será restabelecido caso existam condições para esse efeito", acrescenta a DI.
A paralisação, que começou às 0 horas desta quinta-feira e se prolonga até às 0 horas de segunda-feira, estava "acima dos 90%", até às 13 horas. "Os sindicatos representativos da Agência Lusa saúdam a grande adesão à greve por aumentos salariais condignos."
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Em comunicado, os sindicatos representativos da agência de notícias portuguesa, ainda antes de ser conhecida a decisão da Direção de Informação, notavam que não havia qualquer serviço noticioso. "Assim se espera que continue até domingo", diziam os representantes sindicais.
"Mais de meia centena de trabalhadores estiveram concentrados hoje de manhã em frente à sede, em Lisboa, e outros 20 na delegação do Porto", lê-se no comunicado divulgado ao início da tarde, assinado pelo Sindicato dos Jornalistas, pelo SITE CSRA - Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas e pelo SITESE - Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços.
"Os sindicatos representativos dos trabalhadores da Lusa mantêm total disponibilidade para a negociação, suspendendo a greve no caso de ser aceite a proposta apresentada na terça-feira", dizem os representantes sindicais, anunciando uma concentração para sexta-feira, frente à residência oficial do primeiro-ministro, em Lisboa, a partir das 10:30. "Apelamos aos trabalhadores que continuem a participar nas ações de luta", escrevem. No Porto, à semelhança do que aconteceu esta quinta-feira, volta a haver concentração em frente à sede da Lusa.
A greve foi decidida pelos trabalhadores, em plenário, há duas semanas. Neste período de tempo, houve negociações entre sindicato e a administração, com a empresa a subir a proposta de aumentos salariais de 35 para 74 euros a mais por mês, para todos. Valor considerado insuficiente pelos trabalhadores, que começaram por pedir 120 euros de aumento, mas decidiram baixar para 100, procurando um entendimento.
A administração manteve-se irredutível e a proposta foi a plenário, na quarta-feira. "A manutenção da greve de quatro dias foi aprovada com os votos a favor de 105 trabalhadores. Por outro lado, 28 trabalhadores votaram pelo adiamento da greve enquanto decorrerem as negociações salariais. Três pessoas abstiveram-se", informaram os sindicatos, em comunicado.
Os 174 trabalhadores que participaram no plenário ratificaram ainda a redução de 120 para 100 euros da proposta de aumento salarial (com sete votos contra e quatro abstenções). Os trabalhadores da Lusa reclamam de 12 anos sem aumentos reais.