Até terça, o mítico cantor brasileiro, de 81 anos, atua em Braga, Espinho, Lisboa e nos Açores.
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O seu nome vai-se fundindo com o da própria história do Brasil. Jards Anet da Silva, ou, simplesmente, Jards Macalé, tem 81 anos, cerca de 60 de carreira e já um primeiro álbum homónimo com meio século. Neste percurso de várias décadas, manteve-se ao lado de alguns dos nomes mais reconhecidos do seu país, como Gal Costa, Caetano Veloso ou Tom Jobim.
Colaborações para as quais o autor olha com naturalidade e nenhuma presunção. “Sempre fui um agregador de gente e isso é aquilo de que me orgulho.”
Regressa a Portugal com um festejo alcançado por poucos: 50 anos do primeiro disco. Ao JN, desvaloriza a idade, afirmando que “o Macalé de hoje é o mesmo que escreveu e gravou em 1972”. Sobretudo, a mesma paixão pela liberdade e amor, que continuam a ser temas centrais do repertório. “É claro que a idade traz vantagens, sobretudo tranquilidade e experiência.”
Subir a palco, confessa, é agora um exercício de pura diversão e celebração. Quanto a críticas e revisitações, “nada a apontar”. “Gosto da minha primeira obra como gosto das atuais, o tempo só fez o disco de 1972 ficar enriquecido.”
No ano em que Portugal celebra 50 anos do 25 de Abril, a vinda de Jards Macalé é ainda mais significativa.
A adesão dos jovens
À semelhança de muitos dos seus contemporâneos, o artista foi um nome ativo na luta contra a ditadura militar que perdurou no Brasil entre 1964 e 1985. “Cantar a liberdade, ou seja, o direito a se ser tal como se é, é algo de que nunca me canso, ainda para mais agora”, diz Macalé, questionado sobre uma mensagem a passar aos portugueses face ao atual contexto político.
Mas não se pense que a idade do artista e do seu trabalho fazem-no estar fixado a um só público. Macalé conta que preza a “diversidade que encontra em cada espetáculo” que faz. “Fico feliz quando olho para as carinhas entusiasmadas do público jovem que me vê pela primeira vez”.
O primeiro concerto acontece já esta sexta-feira, no gnration, em Braga. Passa na noite seguinte por Espinho e ainda pelo Musicbox, em Lisboa, no domingo. Termina o périplo nos Açores, no festival Tremor, na terça.