Orçamentos disparam para conseguir atrair os melhores artistas. NOS Primavera Sound é o que mais aumenta.
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As produtoras responsáveis pela organização dos festivais de música de verão, em Portugal, nunca investiram tanto como em 2020, um ano com cartazes de invulgar qualidade e que incluem alguns dos mais populares artistas do Mundo. Entre os dez maiores festivais, quase todos têm o maior orçamento de sempre e há casos de subidas de 50%, como o NOS Primavera Sound.
A justificação de José Barreiro, organizador do "Primavera", é a de que esta "é uma indústria que cresce 20% ao ano" e a organização quis dar um salto qualitativo: "Dificilmente ganharemos dinheiro, mas estamos a pôr o festival noutro patamar". O festival portuense sentiu necessidade de crescer "para não ser ultrapassado caso algum festival de nome internacional queira vir para o Porto", acrescenta José Barreiro.
Portugal é um país apetecível e a prova disso é a presença, este ano, do festival Rolling Loud (ler ao lado). O evento agendado para Portimão mostra que as grandes produtoras internacionais também estão atentas às condições do nosso país - sobretudo as meteorológicas.
Depois, há o cachê dos artistas, que sobe todos os anos no caso dos mais conceituados, e conseguir atrair os melhores tem o seu custo. Na pop está a estrela mais cara, Taylor Swift, cujo espetáculo tem um preço de tabela de 1, 5 milhões de euros. Entre os mais dispendiosos estão ainda Billie Eilish, Lana Del Rey, A$AP Rocky, Foo Fighters e Post Malone.
Os maiores cá dentro
O JN questionou os maiores festivais com edições em Portugal nos últimos anos e, embora o Rock in Rio e o NOS Alive não tenham respondido, o JN sabe, contudo, que o festival nascido no Brasil vai manter o orçamento próximo dos 25 milhões de euros, e oAlive sobe de 10 para 11 milhões de euros, segundo revelou o organizador, Álvaro Covões, em dezembro. São os dois certames com maior investimento.
Só o MEO Sudoeste e o Super Bock Super Rock não aumentaram orçamento, mas também não diminuem. Pertencem ambos à Música no Coração, de Luís Montez, que justifica a manutenção: "Como também não subi o preço dos bilhetes e os patrocinadores mantêm-se, o orçamento é igual".
João Carvalho, do Vodafone Paredes de Coura, revela que o orçamento do festival "sobe 30%". Ao lado, em Vilar de Mouros, Diogo Marques assume uma subida igual, dividida entre "cartaz, novas áreas de recinto e de campismo". Jorge Lopes, do MEO Marés Vivas, aumentou "em 25% o orçamento desta edição".
As promotoras não divulgam valores dos orçamentos, mas o JN sabe que a seguir ao Rock in Rio e ao Alive, segue-se na escala o NOS Primavera Sound e o Vodafone Paredes de Coura. O MEO Sudoeste e o Super Bock Super Rock vêm logo a seguir, e mais abaixo o MEO Marés Vivas e o EDP Vilar de Mouros.
Rolling Loud chega à Europa por Portugal
Portugal é solo fértil para os festivais de verão e prova disso é a chegada do "todo-poderoso" Rolling Loud ao nosso país. O festival começou em Miami e expandiu-se para várias cidades do globo, mas faltava a Europa. Portugal foi a porta de entrada. O evento gigante do hip-hop tem chancela da Live Nation, a grande empresa mundial da música ao vivo, mas é organizado pela Event Horizon Entertainment, sediada no Reino Unido.
Acontece entre 8 e 10 de julho, na praia da Rocha, em Portimão, e junta colossos do hip-hop como A$AP Rocky, Future ou Wiz Khalifa. A entrada em Portugal é feita com uma mostra de força, pois foi agendado para o mesmo fim de semana do NOS Alive e com o mesmo artista cabeça de cartaz do Super Bock Super Rock (A$AP Rocky). "Portugal, isto é apenas o começo de algo maravilhoso", anunciaram.
Saber mais
1,5 milhões é o cachê, de tabela, da artista mais valiosa este ano. Taylor Swift, que vai ao NOS Alive, não revela quanto cobrou, nem o festival o diz.
25 milhões de orçamento para o festival mais caro, o Rock in Rio. O dado não é oficial, mas fontes próximas asseguram que o número se mantém, em relação às edições anteriores.
100% valorização de Billie Eilish após conquistar cinco Grammy. Em 2019 deu concertos por 100 mil euros, antes dos Grammy cobrava cerca de 500 mil e agora cobra cerca de um milhão.
Portugueses sem destaque
Entre os cabeças de cartaz dos principais festivais não há para já nomes portugueses.
Bilhetes mais caros
Como o JN adiantou em dezembro, a maioria dos festivais aumentou o preço do bilhete em 2020, depois de terem baixado em 2019 devido à descida do IVA para 6%.
Regresso ao passado
Muitos festivais estão a apostar em nomes do hard rock/nu-metal do final dos anos 90, como System of a Down e Korn (VOA Heavy Rock), Deftones (North Music Festival) ou Limp Bizkit (EDP Vilar de Mouros.)
Poucas repetições
Há poucos artistas internacionais que passam por mais do que um festival em Portugal este ano. As principais exceções são A$AP Rocky (Super Bock Super Rock e Rolling Loud) e Anitta (MEO Marés Vivas e Rock in Rio).
Taylor Swift
Festival: NOS Alive
Data: 9 de julho
É uma das cantoras mais populares da atualidade e a digressão do álbum "Lover", lançado em agosto do ano passado, era uma incógnita até ter sido confirmada de surpresa, incluindo uma data em Portugal. Já foi nomeada para prémios mais de 150 vezes e ganhou mais de 100, incluindo dez Grammy. Tem 38 milhões de ouvintes no Spotify este mês.
Billie Eilish
Festival: NOS Alive
Data: 10 de julho
É um dos concertos mais esperados do ano. Billie Eilish é recordista dos Grammy aos 18 anos, com cinco gramofones dourados, e tem uma legião infinita de fãs. É seguramente o nome mais falado da pop no ano passado. Tem já, este mês, 60 milhões de ouvintes no Spotify.
Post Malone
Festival: Rock in Rio
Data: 28 de junho
O rapper americano que deambula entre o R&B, o trap e o hip-hop é uma das principais apostas do Rock in Rio, depois de ter sido cabeça de cartaz do MEO Sudoeste, no ano passado. Apresenta-se, agora, com o álbum "Hollywood Bleeding", que inclui os êxitos "Wow", "Goodbyes" e "Circles". Tem quase 60 milhões de ouvintes no Spotify este mês.
Lana del Rey
Festival: Primavera Sound
Data: 12 de junho
Depois de ter sido a estrela da edição do ano passado no Super Bock Super Rock, Lana del Rey promete repetir a dose no Porto. Plena de glamour e melancolia, Lizzy Grant lançou uma obra-prima no ano passado. "Norman fucking Rockwell!" foi o melhor álbum de 2019 para muitos críticos.