Maioria dos partidos apoia classificação da obra de Adriano Correia de Oliveira
A maioria dos partidos com assento parlamentar manifestou, esta quarta-feira, concordância com a classificação da obra do cantor Adriano Correia de Oliveira como de interesse nacional, mas o tema também serviu para acentuar diferenças políticas.
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Os deputados debateram em plenário uma petição do Centro Artístico, Cultural e Desportivo Adriano Correia de Oliveira, com mais de oito mil assinaturas, e dois projetos de resolução do PS e do PCP para que a obra daquele cantautor seja classificada como de interesse nacional.
Para o PCP, "a classificação seria um passo essencial para elevar a obra ao patamar que Adriano Correia de Oliveira merece", como afirmou o deputado António Filipe, enquanto o deputado socialista José Maria Costa considerou que o legado do intérprete "não pode ser apagado pela passagem do tempo".
Adriano Correia de Oliveira, que morreu em 1982 com 40 anos, deixou "uma obra vasta, sendo uma das mais bonitas, ricas e representativas da música popular feita no século XX", lê-se no texto justificativo do centro artístico, cultural e desportivo quando lançou a petição em 2021.
Na discussão hoje no plenário, o PSD considerou que o reconhecimento pedido na petição "não é apenas uma homenagem" a Adriano Correia de Oliveira: "É uma forma de continuar a sua obra e de garantir que gerações futuras compreendam o impacto", disse a deputada Andreia Bernardo.
Também os partidos Livre, Bloco de Esquerda, PAN e Iniciativa Liberal manifestaram concordância com a proposta de classificação da obra.
"É da mais elementar justiça que seja preservada para as gerações futuras", disse a deputada do Livre Isabel Mendes Lopes, enquanto Inês Sousa-Real (PAN) e Joana Mortágua (BE) lembraram "um nome incontornável da música portuguesa" e "um dos grandes trovadores da liberdade". Carlos Guimarães Pinto justificou o apoio da Iniciativa liberal dizendo que "uma das funções do Estado é manter o património cultural".
O Chega questionou a necessidade de classificação de uma obra artística que considera "altamente politizada e que agrada apenas a uma parte da sociedade", enquanto o CDS-PP remeteu para a legislação sobre património cultural, dizendo que "faz mais sentido que sejam os cidadãos a promover esse reconhecimento do que ser a AR a proclamar ao país o que é que é cultura oficial".
Adriano Correia de Oliveira, resistente antifascista, que deu a voz a canções como "Trova do vento que passa", "Cantar de emigração" e "Tejo que levas as águas", editou seis álbuns entre 1967 e 1980.
A título póstumo, Adriano Correia de Oliveira foi condecorado Comendador da Ordem da Liberdade, em 1983, e Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, em 1994.