O festival que marca o fim do verão, em Guimarães, teve, esta sexta-feira, uma noite perfeita: sem chuva, com temperatura amena, músicos animados e público participativo.
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A primeira noite do Manta foi aquilo que devia ser: música ao ar livre, numa noite de temperatura agradável, a dizer adeus ao verão. Tristany fez, literalmente, o aquecimento do público, acabado de chegar do jantar e Lura pô-lo a dançar. O festival prossegue, na noite deste sábado, com Aline Frazão e Nancy Vieira.
A chuva ameaçava, chegou mesmo a cair uma ou outra pinga solitária no rosto. Contudo, a organização da Oficina arriscou em manter o evento no jardim do Palácio Vila Flor. O público, já com saudades de um Manta como deve ser - as últimas duas edições foram transferidas para os auditórios -, correspondeu.
Tristany recebeu uma audiência ainda mal refeita do jantar ou do dia de trabalho e tratou do aquecimento. O convite do músico não podia ser mais explícito: “deixem a música interagir com os corpos”. Quem foi à primeira noite do Manta estaria a pensar em ouvir música, mas Tristany acabou por pôr o povo a fazê-la com ele. A metade do lado esquerdo diz “ah”, os outros, do lado direito, dizem “ahah”, o artista faz de maestro e diz quando é para começar, para segurar ou para cortar. Só de um lado, do outro, todos juntos e, quando está tudo afinado, entra a voz do rapaz da periferia de Lisboa. “Palmas para vocês”, termina.
“Eu vim cá com este corpo”, que se exibe de forma exuberante no palco onde, além do cantor, só havia o teclado de Lorraine, “eu não sou nenhum estranho”. A certa altura Tristany avisa, “vou ter contigo” e pede “palmas, palmas”. O público não lhas nega. “Vou entrar na tua zona, mostrar que funciona”. Funcionou, Tristany entrou na zona de quem estava no Vila Flor.
Foi só festa até ao fim
Quando Lura subiu ao palco, o relvado, que antes ainda tinha algumas clareiras, estava repleto de mantas. Gente nova, famílias com crianças, porque as aulas ainda não começaram e o público alvo do Manta é “toda a gente”. A luso-cabo-verdiana não desiludiu, batuko e funaná a abrir. “Vamos levantar e dançar. Aquele senhor ali não está a dançar.”
A cantora conquistou o público quando confessou que nunca tinha atuado em Guimarães e “que é uma grande honra estar aqui, nesse berço de Portugal e da cultura lusófona”. “O prazer é nosso”, atirou-lhe alguém da assistência. “Na Ri Na”, toda a gente a cantar e a dançar. Estava montada a festa, “peguem nas mantas e façam uma saia para dançar, os homens também”, pois claro.
Para o bis a cantora guardou “Si Si”, o single que serve de aperitivo para o sétimo álbum de originais, com lançamento marcado para o próximo dia 22. Mas, quando a trovoada deitou a eletricidade abaixo, foi “Na Ri Na” que o público cantou à capela e a cantora acompanhou. Até ao final, foi só festa e a chuva não chegou.