A 10.ª edição da Feira do Livro do Porto, já recebeu mais de 112 mil pessoas nos Jardins do Palácio de Cristal. Esta segunda-feira à noite houve nova enchente, na Biblioteca Almeida Garrett, para o lançamento da antologia teatral de Manuel António Pina, e a conferência que Ricardo Aráujo Pereira deu sobre o autor.
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Na apresentação da obra "Teatro", lançada pela Assírio e Alvim, Rui Lage, comissário da homenagem a Manuel António Pina, mas também "o menino loiro de olhos azuis que ia pela mão do pai ver as obras de teatro de Pina", contou que este livro com "a obra total teatral de Pina mostra que ele tem sempre a mesma substância" e a título de exemplo diz que "a primeira fala do ´Inventão´poderia ser um dos muitos poemas de Pina".
Maria João Reynaud contou que a obra era de uma "jubilosa atemporalidade" e salientou o privilégio de terem conseguido a tempo, da Feira do Livro do Porto, congregar, num só volume, todas as suas obras teatrais. Relembrando que a companhia teatral Pé de Vento, nasceu no rescaldo da Revolução de Abril, "um tempo propício aos sonhos, em que ela, Manuel António Pina e João Luiz dentro de uma Dyane, conversavavam sobre os seus sonhos".
A também filóloga relembrou obras teatrais como "A guerra e o tabuleiro de xadrez" e falou sobre o "uso sistemático dos diálogos e de uma qualidade de teatro vicentino, com uma sátira encantatória de uma intertextualidade lírica". Realçou também a pedagogia criativa, de personagens como "Ventolão ou Inventão", na obra de Pina e da sua "exuberância metafórica".
João Luiz, diretor da companhia teatral Pé de Vento, realçou a "cumplicidade teatral de uma incursão que começaram em 1978" e comentou, com uma certa ironia, que pertencem a uma geração em que "os do teatro tínhamos de aprender lá fora". Sendo que a temporada de Manuel António Pina, na companhia teatral GRIPS, em Berlim foi para Pina uma espécie de desilusão dizia "era um espetáculo, do espetáculo, feito à medida do espetáculo".
Na homenagem estava também presente Rui Spranger, o ator comentou que desde 1997, ano em que se profissionalizou que sempre fez obras de Manuel António Pina, logo o primeiro espetáculo "Os Piratas" que teve mais de quatro reposições, foi visto por mais de 100 mil pessoas. E relembrou que até em Itália representou, durante mais de um ano, e em italiano " O conto do tesouro", de Manuel António Pina. Como marcador da sua carreira profisional recordou que também não passou um único ano sem que lesse numa noite de poesia, um poema da sua autoria.
Nesta edição de homenagem ao escritor e jornalista Manuel António Pina (1943-2012), também Ricardo Aráujo Pereira deu uma conferência sobre o autor, cuja intempérie obrigou a relocar já que estava prevista para a Concha Acústica.
A Feira do Livro do Porto segue até dia 10, aberta a partir das 12 horas, diariamente, exceto ao fim de semana, em que abre às 11 horas.
O fecho é às 21 horas entre domingo e quinta-feira e às 22 horas à sexta-feira e ao sábado.