A artista apresenta a exposição "Poéticas Revolucionárias" no Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa. Para ver até ao final do mês de agosto de 2024
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Escrever sobre a Manuela Pimentel (PT, 1979) tem como mote uma história que partilhamos sem nos conhecermos: a da apropriação de uma placa que nos dizia que o amor é um sonho bonito. Manuela Pimentel gosta de palavras e escolhe as que integram as suas obras com intenção, nunca perdendo um certo sentido de ação revolucionária que a leva, também a ela, a apropriar-se das mensagens que a rua acumula em sobreposição de infindáveis cartazes que dizem tudo do nosso tempo pós-moderno e da sua hiper-produtividade.
Terá sido por essa urgência de revolução e pela subtileza como resgata a ideia de identidade coletiva portuguesa que o azulejo contém, que me interessou o seu trabalho e nela identifiquei a definição de um modo de fazer, de uma linguagem. Não espanta por isso que, na dinâmica reconhecida que tem o Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa, a artista se apresente com "Poéticas Revolucionárias", uma exposição que reúne cerca de duas dezenas de obras, algumas delas inéditas, aproveitando-se, em tempo de comemoração dos 50 anos do 25 de abril de 1974, para homenagear os poetas e dar o mausoléu às palavras.