Após quatro anos de ausência, "o maior evento de cultura contemporânea em Portugal" aposta, entre os dias 2 e 4 de junho, em atuações de Rui Reininho, Mouse on Mars e 808 State.
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Foram quatro anos de uma espera que vai terminar, finalmente, a 2 de junho. O Serralves em Festa, uma celebração popular em torno das artes e da natureza, vai regressar ao Porto no primeiro fim de semana do próximo mês.
O tempo decorrido desde a anterior edição - a que assistiram mais de 260 mil pessoas - não provocou qualquer alteração no conceito da festa. O que significa, como explicou ontem o diretor do evento, Rui Costa, que "da música, à performance, às artes circenses, à dança e ao cinema, iremos oferecer uma panóplia de oferta na qual todos encontrarão algo em que se rever".
Ainda antes do arranque oficial, na noite de sexta, o dinamismo cultural vai galgar as fronteiras de Serralves. Na véspera, vários espaços do Porto (Praça dos Leões, Cordoaria ou Praça Carlos Alberto) e o Jardim do Morro, em Gaia, vão acolher artistas e companhias que integram o cartaz deste ano, em atuações marcadas pelo improviso e interação.
"Maior evento de cultura contemporânea em Portugal e um dos maiores da Europa", o Serralves em Festa regressa com uma programação reforçada. São exatamente 50 horas de atividades culturais non-stop que tanto incluem propostas para faixas minoritárias como espetáculos suscetíveis de chegarem a públicos mais alargados.
É o caso de Rui Reininho, que, na noite de 2 de junho, irá mostrar ao público "20.000 éguas submarinas", o título da nova incursão a solo, lançada em plena pandemia. Com produção de Paulo Borges, o disco assume uma dimensão experimental e afastado da linguagem pop, com a participação de um naipe alargado de músicos, entre os quais Alexandre Soares e Pedro Jóia.
Outro ponto alto de mobilização popular deverá acontecer na madrugada de 4 de junho, quando os 808 State & Michael England atuarem no Prado. Um dos pioneiros do acid house, o coletivo tem vindo a municiar as pistas de dança desde o final da década de 1980, ao influenciar nomes relevantes da eletrónica como Aphex Twin e partilhando os estúdios, ao longo dos anos, com David Bowie, Quincy Jones ou Björk.
Quanto aos Mouse on Mars, vão tomar de assalto o Prado à meia noite de 3 de junho. Apesar do longo percurso artístico, a diupla deverá deter-se no mais recente álbum, "AAI" (Anarchic Artificial Intelligence), no qual aprofunda o fascínio pela tecnologia e exploração. Além do percussionista Dodo NKishi, em palco vai estar ainda o escritor e estudioso Louis Chude-Sokei, assim como um coletivo de programadores informáticos
Fora da esfera musical, há atrativos abundantes. Como a atuação do Bucraá Circus, uma companhia de clown e teatro gestual criada em 2018, que vai apresentar no Porto "El gran final", espetáculo tragicómico que baseia a sua essência no reencontro de dois palhaços separados há muitos anos.
A dança contemporânea é um dos segmentos mais apetrechados da programação. Em "Aqui, agora, neste momento", Vera Mantero, Elisabete Francisca e Mariana Tengner Barros desenvolvem um projeto em torno da improvisação enquanto prática fundamental na área das artes do espetáculo. Já em "Barricada", o coreógrafo brasileiro Marcelo Evelin e a Plataforma Demolition Incorporada propõem-se "pensar a proximidade como estratégia de defesa e o estar juntos como uma posição política".
Para responder ao previsível maior aumento da procura, a STCP assegura ligações contínuas em autocarro até Serralves, incluindo as madrugadas de 3 e 4 de junho.