Marco Paulo e uma iconografia sem par: os caracóis, a pose, o microfone a saltar
Marco Paulo morreu aos 79 anos, após uma longa batalha contra o cancro. Nome maior da canção portuguesa, colecionou êxitos durante mais de quatro décadas.
Corpo do artigo
Não havia nenhum artista vivo em Portugal com uma iconografia tão vincada como Marco Paulo: os caracóis, a pose esfíngica, a gestualidade da teatral mão no ar e aquele saltitante truque do microfone de mão para mão. Dizia que os seus grandes ídolos tinham sido, na infância, Joselito, o pequeno rouxinol de quem aprendeu a cantar “Campanera” na porta do cinema, e, mais tarde, António Calvário.
Artista de grande consciência coreográfica, revelou, no entanto, que as suas marcas identitárias eram acidentais. “Foi sempre tudo muito natural, mesmo o gesto com o microfone. O cabelo encaracolado também não foi pensado. Nem era permanente. Um dia tomei duche e não sequei o cabelo - e a partir daí encaracolou. Muita gente ia aos cabeleireiros pedir o meu penteado e havia quem me puxasse o cabelo para ver se era peruca”, revelou em entrevista à Notícias Magazine.