Último dia do festival Marés Vivas abriu com a corrida desenfreada dos fãs de Louis Tomlinson, muitos destes dormiram ao relento para conseguir estar esta noite na primeira fila.
Corpo do artigo
As t-shirts com declarações de amor ao artista inglês Louis Tomlinson, ex-integrante da boys band One Direction, abundam pelo recinto. Alguma entropia e atropelos, rapidamente sanados pela Polícia, foram registados pela fervorosa devoção dos fãs.
O grupo de Testemunhas de Jeová que se encontra, desde o primeiro dia do festival Meo Marés VIvas, em Gaia, no cruzamento que antecipa o recinto, tinha este domingo uma nova frase: "Como aliviar o stress" - o que poderia ter sido um ensinamento para o sucedido.
Também a letra dos Snow Patrol - "If I lay here, if I just lay here, would you lie with me and just forget the world?" - parecia alusiva aos adolescentes que ali se deitaram, deleitados, alheios ao Mundo.
A última frase exposta à entrada do festival, que está a decorrer no pinhal do antigo parque de campismo da Madalena, foi para os Ornatos Violeta: "A cidade está deserta e alguém escreveu o teu nome em toda a parte".
Quem também tem o nome escrito em toda a parte do recinto são as mascotes das marcas que se passeiam por toda a parte e criam uma estranha ambiência, como os bailes do Sapo e do Maracujão, um desengonçado par: o sapo pelos seus pés e o Maracujão pelo seu volume de cintura.
Apesar da comicidade da situação, não conseguiam igualar o espetáculo que Eduardo Madeira e Vanessa Silva deram no Palco Comédia.
Com o público a cantar êxitos de José Pinhal, deram um show memorável, especialmente para Rafael, de 16 anos, que sem estar a contar acabou por atuar no Marés Vivas.
O primeiro concerto oficial deste último foi Diana Castro, no palco Moche, que diz ter "gritado como nos filmes quando soube que ia tocar no dia dos Ornatos". Por isso mesmo, tocou uma música deles, mas é com o seu "Ginger ale" que consegue agitar o público e pô-lo a borbulhar.
A caça aos brindes é uma das grandes diversões do recinto, dando origem a filas sem parar, e ali logo se alinham todos os padrões animais e pares de texanas e chapéus de cowboys, ficando o parque metido uma mescla entre um safari humano e o faroeste. O importante no final é conseguir lanternas, chapéus, sacos de pano, lenços, toalhas, seja o que for.
O único capaz de reunir todas as tribos foi António Zambujo, que debaixo de um sol abrasador, atrás dos óculos de sol, reuniu uma multidão para cantar o "Catavento da sé" e embalar o final da tarde de quem se punha à sombra das árvores para ouvir a sua voz de rouxinol.
Mas que não haja ilusões, os fãs de Louis Tomlinson não se vão mexer para dar lugar aos de Zambujo e continuam ali agarradas às grades como fãs de ferro numa penitência de fome, de sono e de sol, só possível para quem é alimentado a paixão.