Segmento Corpo+Cidade do Festival DDD apresentou esta quinta-feira à tarde os seus dois últimos projetos.
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O refrão popular diz que no "meio está a virtude" e neste segmento de vídeo-dança no espaço público apresentado em formato "double bill", os trabalhos apresentados na segunda-feira "Dois peixes em Marte" e "Plutão" são os mais interessantes.
Escapando aos tons pastel que abundam nos figurinos da dança contemporânea e a um certo hermetismo, herança da tradição belga e francesa, toda a linguagem proposta por Andreia Fraga e João Oliveira é fresca. Os figurinos coloridos de Dili Pitt, a cenografia de balões pretos e o uso que fazem da paisagem da Reitoria da Universidade de Porto são vibrantes e imaginativos, assim como a música.
"Plutão" de Ricardo Pereira Carvalho é um vídeo muito bem conseguido e bem filmado, um interessante objeto artístico onde se enquadram pormenores arquitetónicos de zonas de Vila Nova de Gaia. Vale a pena revisitar no YouTube do DDD, como coreografia e como objeto visual.
Quanto ao "double bill" desta quinta-feira, como numa sequela, Joana Castro fez do vídeo "Dark traces" uma continuação do trabalho "Rite of decay", com intérpretes bem conhecidos como Ana Rita Xavier, André Mendes, Maurícia Neves e Thamiris Carvalho. Apesar do contraste ser interessante, com os intérpretes vestidos de negro numa sala branca e executarem diagonais de movimento que dão um efeito de tridimensionalidade ao ecrã, torna-se um pouco hermético.
O último trabalho do Corpo+Cidade apresentado foi "131 OUT" de Sara Marasso e Stefano Risso, que cria uma bonita comunhão entre o corpo e um contrabaixo que, como protagonista, nos transporta por paragens de Lisboa e Turim. Um uso adequado do espaço público em dança, com um objeto como personagem principal, criando paisagens urbanas inusitadas e bucólicas.