Nova série espanhola "1992" combina realidade e ficção de uma forma muito sedutora. Já estreou na Netflix.
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2022: uma explosão seguida de um incêndio destrói o edifício de uma cadeia de lojas de vestuário. No seu interior, a polícia vai descobrir dois corpos horrivelmente calcinados: o dono, Roberto Valcárcel, e Álvaro. As autoridades rapidamente concluem tratar-se de um acidente, mas Amparo, mulher da segunda vítima, a quem seguia por desconfiar de infidelidade, acredita ter visto algo que põe em causa a versão oficial: Valcárcel segurava na mão uma pequena figura plástica, intacta, um Curro, a mascote da Exposição Universal de Sevilha de 1992, que teve lugar na Isla de la Cartuja.
Com este pressuposto, Alex de la Iglesia e Jorge Guerricaechevarría, os criadores desta minissérie de seis episódios, desenvolvem uma sedutora narrativa ficcionada, de tom policial, que parte de elementos reais associados à Expo 92, como o incêndio do Pavilhão das Descobertas, dois meses antes da abertura do certame, ou o naufrágio de uma réplica da nau Victoria de Cristóvão Colombo, em 1991.
Amparo, uma interpretação determinada e credível de Marian Álvarez, decide avançar com uma investigação por conta própria, contando com a ajuda, nem sempre voluntária, de Richi, um ex-polícia caído em desgraça após um acidente que vitimou a mulher e a filha.
Amigo de Álvaro, a quem deve a vida e uma das recuperações do alcoolismo em que caiu, Richi é interpretado por Fernando Valdivielso, que constrói uma personagem ambígua, dividida entre o vício e o desejo de retribuir o que o amigo fez por ele.
O aparecimento de duas outras vítimas, mais uma vez com a presença do Curro no local das mortes, levará Amparo e Richi a relacionar Valcárcel com outras figuras de destaque da Expo 92, um dos quais um ministro que começou por abafar o sucedido. Entre os tempos de ostentação e luxo então vividos, surge uma sórdida história de chantagem e vingança, que originou os factos que têm lugar na atualidade.