“Drinking songs”, o segundo trabalho a solo do ex-Third Eye Foundation, é tocado na íntegra hoje, no Teatro Municipal Constantino Nery, pelas 19 horas.
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Quando “Drinking songs” primeiro saiu, em 2005, a “Pitchfork” chamava-lhe uma “coleção etérea e perturbadora de canções”, onde Matt Elliott como que abordava o mundo “a partir do interior sem sol de um copo de absinto”. Não era uma crítica negativa, pelo contrário: no trabalho de Elliott, como na sua apreciação, a grandeza e o elogio vêm sempre lado a lado com a incontornável nostalgia e escuridão, daquela que nos puxa, mas depois nos devolve.
O compositor, letrista, cantor e músico britânico está a celebrar em 2024, antecipadamente, 20 anos de “Drinking songs” – álbum marcante que se seguiu à estreia a solo em 2003 com “The mess we made”, que logo recebeu os maiores elogios da crítica especializada.
Continuando as suas experiências musicais, em “Drinking songs”, podemos escutar uma maior influência de música dos balcãs ou até mesmo de cabaret. A voz soturna e grave de Matt Elliott e as suas letras inspiradas na vida criaram temas como “The kursk”, “The guilty party” ou “Trying To explain”, ainda hoje pedidos de forma quase religiosa pelo público que assiste aos concertos.
Depois de vários anos como mentor dos Third Eye Foundation, que tinham na sua génese música mais eletrónica, para Elliott estes dois primeiros discos marcavam o auspicioso início de uma bonita carreira a solo – que ainda hoje continua viva, como o prova o disco "The end of days", editado no ano passado.
Quando este último trabalho do compositor, agora radicado em França (desde a altura de “Drinking songs”), saiu, Elliott explicava ao JN como se assumia incapaz de escrever canções felizes, um paradoxo, já que não se considerava de todo uma pessoa infeliz. “Eu sou até um otimista de muitas maneiras, o que é bizarro. Mas a questão é que escrevo mais música quando estou no meu pior, e isso tende a transparecer. E é a melhor forma de terapia que já encontrei. Não posso deixar de recomendar às pessoas, porque não há nada melhor do que pormos toda a porcaria que temos cá dentro num som. É uma experiência incrivelmente catártica”, dizia.
Na mesma entrevista, definia-se como um “perfeccionista”, admitindo que a reação do público importa, sobretudo quando lhe chegam mensagens a dizer que a sua música os ajudou a ultrapassar algo: “isso é o mais importante para mim”, frisava. Ao longo da sua carreira, as passagens por a Portugal, sempre muito acarinhadas pelos fãs eram, para o músico, pontos altos nas várias digressões, tal como explicou ao JN.
Mini tour
Depois de ter atuado na sexta-feira em Madrid e no sábado no MusicBox de Lisboa, esta primeira mini tour de celebração dos 20 anos de “Drinking songs” chega hoje ao fim no Teatro Municipal de Matosinhos, com concerto marcado para as 19 horas.
Em palco, além de Elliott na voz, guitarra, efeitos e saxofone (instrumento que aprendeu a tocar recentemente), contam-se também um contrabaixo e um piano.
Uma tour em 2025, também apenas sobre este álbum, está a ser preparada neste momento, tendo em conta as novidades discográficas em torno deste vigésimo aniversário.
Os bilhetes para Matosinhos estão à venda online e custam 12,50€ com descontos para grupos, pessoas com mobilidade reduzida ou necessidades especiais e estudantes da Universidade do Porto.