Cineastas Maryam Tafakory e Mahdi Fleifel estarão no certame, que se realiza de 12 a 20 de julho.
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A guerra na Palestina e o recente conflito Israel-Irão marcam, este ano, a 33.ª edição do Curtas Vila do Conde. A cineasta iraniana Maryam Tafakory terá uma exposição na Solar, apresenta uma “carta branca” de curtas e estará ainda à conversa com o público. Já o palestino-dinamarquês Mahdi Fleifel será um dos nomes “In Focus”.
Na competição nacional, regressam, entre outros, Gabriel Abrantes, Alice Eça Guimarães, Diogo Salgado e Inês Oliveira, aos quais se juntam uma mão cheia de novos rostos. Na internacional, “Being John Smith” (de John Smith), o regresso de Sergei Loznitsa ou a estreia no festival do consagrado Marco Bellocchio são destaques e, nos filmes-concerto, o ex-Sonic Youth Lee Ranaldo promete casa cheia.
Entre competições, cineastas emergentes ou revisitados e filmes-concerto, há mais de 250 películas para ver. É de 12 a 20 de julho em Vila do Conde. São esperados 20 mil espectadores.
“O festival têm-se diferenciado por casar o cinema com outras artes, sejam as artes plásticas ou a música”, afirmou, ontem, um dos diretores do Curtas, Mário Micaelo, na apresentação do programa da 33.ª edição. Já quanto aos temas atuais, o festival – que é qualificador para os Oscars e para os Prémios Goya – já se habituou a ser “espelho da realidade” e, tantas vezes, “primeiro palco de cineastas consagrados”, de que João Gonzalez (o realizador da curta portuguesa nomeada para os Oscars) é apenas um dos exemplos mais sonantes.
Filmes de 143 países
Quanto a números, há 6473 filmes inscritos de 143 países. Da programação fazem parte mais de 250, distribuídos por sete secções competitivas: Nacional, Internacional, Experimental, “Take One!” (de escolas), My Generation (destinado a jovens), Curtinhas e Vídeos Musicais.
Depois, há ainda uma nova realizadora para descobrir – a francesa Maureen Fazendeiro, que este ano será a “New Voice” do Curtas, onde fará a estreia nacional de “Les habitants” –, retrospetivas do cineasta norte-americano Whit Stillman, autor das comédias “Metropolitan” (1990), “Barcelona” (1994) e “The last days of disco” (1998), e do realizador palestiniano-dinamarquês Mahdi Fleifel, que estreia em Portugal “To a land unknown” (2024), depois do Festival de Cannes e uma nova secção “Last Film”, onde passam as últimas curtas-metragens de cineastas consagrados, como “O Velho do Restelo” (2014), de Manoel de Oliveira, “A tremonha de cristal” (1993), de António Campos, e “Scenarios” (2024), de Jean-Luc Godard. Sillman, Fleifel e Maureen Fazendeiro estarão à conversa com o público no final das sessões.
No “Cinema Revisitado”, uma evocação de David Lynch, falecido no início do ano com o célebre oitavo episódio de “Twin Peaks”, do qual toda a gente já ouviu falar, mas poucos viram: o episódio da bomba atómica. Nos filmes-concerto, há três propostas para ver: os norte-americanos Lee Ranaldo (ex-Sonic Youth) e John Carroll Kirby e a francesa Felicia Atkinson. Na Solar-Galeria de arte cinemática estará a exposição de Maryam Tafakory “Qual é a dor que o cinema cura?".