Grupo irlandês And So I Watch You From Afar emana energia contagiante e de boa disposição no novo disco "Megafauna".
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Um disco instrumental de alta intensidade e energia positiva e contagiante. São 43 minutos de pós-rock bem disposto, repleto de explosões catárticas de distorção poderosa e epidémica.
Prestes a fazer duas décadas, o grupo And So I Watch You From Afar (ASIWYFA) está claramente na melhor fase da carreira. Depois do muito elogiado “Jettison”, chega-nos agora “Megafauna”. Gravado apenas numa semana, numa explosão cósmica, intensa e poderosa, tal como as nove músicas que registaram.
Apesar de se inserir no pós-rock, a verdade é os irlandeses evitam a melancolia e exalam boas vibrações. Ao longo de todo o disco há uma energia positiva e alegre que cresce e evolui até rebentar numa distorção exultante. E não só debitam essa boa energia como a transmitem eficazmente.
Ao escutar “Megafauna”, é praticamente impossível não começarmos a marcar o ritmo com os pés, bambolear o corpo ou até desatar aos saltos à medida que o disco prossegue de crescendo em crescendo.
Há vários momentos para-psicadélicos no disco, uma inevitabilidade do pós-rock, mas que, além de não ser soturno, não descamba em devaneios maçadores ou umbiguistas. A música dos ASIWYFA é feita para fora. E por isso é que a energia da banda se transmite fluidamente para quem a ouve.
Não se pense porém que, por ser alegre e bem disposto, não existe rudeza ou agressividade em “Megafauna”. A distorção poderosíssima e os ritmos pesadamente lentos – ou selvaticamente rápidos – conferem ao álbum uma aura intensa e pujante.
A secção rítmica, coesa e vigorosa, abre caminho aos devaneios das guitarras que, com riffs corpulentos e orelhudos e linhas melódicas e sedutoras, nos estendem a mão e nos conduzem por trilhos floridos até repentinamente cairmos num intenso redemoinho de distorção do qual não conseguimos, nem queremos, escapar.