Cinquenta concertos compõem a programação da edição deste ano dos Dias da Música, a decorrer no Centro Cultural de Belém, de 28 a 30 de abril, sob o tema "As letras da música".
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O evento abre com um concerto da Orquestra Sinfónica Metropolitana e do Coro da Fundação Princesa das Astúrias, que interpretarão "Ivan, o Terrível", de Prokofiev, a música do filme de Sergei Eisentein, em versão de Oratória, com arranjos de Abram Stasevich.
Orçados em 470 mil euros, os Dias da Música têm este ano o maior número de espetáculos de ópera e de óperas completas, disse o presidente do conselho de administração do CCB, Elísio Summavielle, na apresentação da iniciativa à imprensa, feita esta terça-feira, em Lisboa.
Com 28 mil bilhetes para venda, Elísio Summavielle disse esperar que a taxa de ocupação ronde os "80%, a julgar pelos números da edição do ano passado", e acrescentou que a receita não cobrirá o investimento que é feito, já que se trata de uma iniciativa de "serviço público".
"A receita deverá cobrir pouco mais de metade", observou.
Num ano em que se celebram "As letras da música", destacam-se os concertos temáticos que têm por lema "Candide ou o Otimismo", da Orquestra Sinfónica Portuguesa, com o Coro do Teatro Nacional de S. Carlos, e direção do maestro João Paulo Santos, "Do poemário musical romântico/Wagner e Mahler", pelo Melleo Harmonia, com a participação do barítono Luís Rodrigues, ou "O sonho de uma noite de verão", pelos Músicos do Tejo, com excertos de "Fairy Queen", de Purcell.
Haverá um concerto surpresa de encerramento do certame - "Adivinha quem vem cantar o fado?"
O programador André Cunha Leal sublinhou ainda os concertos "Beethoven e Goethe", que resgata as obras dos dois expoentes do Romantismo alemão - as obras do compositor sobre as do escritor -, com narração do ator Pedro Gil, e "Viagem de Inverno", no qual o Ensemble Mediterrain recupera, em versão para tenor e orquestra de câmara, o original de Franz Schubert e a reinterpretação de Hans Zender, conhecida pela "versão negra" da obra.
O programador de música do CCB destacou igualmente o concerto surpresa de encerramento do certame -- "Adivinha quem vem cantar o fado?".
André Cunha Leal lembrou ainda o espetáculo de Sérgio Godinho com Filipe Raposo ao piano, intitulado "A música e as palavras", sublinhando a "mestria da palavra" do autor de "Primeiro dia", "e do seu encaixe na música".
Nesta edição dos Dias da Música, Chico Buarque é outro dos autores lembrados, na sala que leva o seu nome, assim como dois antigos presidentes do CCB - António Mega Ferreira e Vasco Graça Moura.
Camões, Molière, Saramago, Sophia de Mello Breyner Andresen, Manuel de Falla, Camille Saint-Saëns são outros autores que se cruzam em "As letras da música", nesta edição dos 'Dias' do CCB, que também integram a rubrica "Aqui há conversas", na qual uma série de autores vão debater o tema do festival.
Aldina Duarte protagoniza a conversa "Os poetas que eu cantei", Cristiana Vasconcelos Rodrigues e Claudia Fisher participarão na sessão "No além dos sentidos. Música e literatura no romantismo alemão", enquanto Pedro Mexia vai falar sobre "As letras do rock".