O novo disco do veterano músico natural de Brisbane, "Strawberries", é uma comovente declaração de amor à vida.
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A relativa obscuridade que sempre rodeou a obra de Robert Forster é um dos mistérios mais insondáveis da música. O que este circunspeto australiano nos tem vindo a proporcionar ao longo do derradeiro meio século (até 1989 nos Go Betweens e desde então a solo) não é matéria de somenos: canções despidas de artifícios que partem do diálogo estreito com a vida para nos mostrarem que é possível extrair do quotidiano aparentemente mais banal o extraordinário ou o sublime.
Indiferente a modas, correntes ou "hypes" de ocasião, a lavra musical de Forster parece ter a clarividência de saber que, como escreveu Alberto Pimenta no seu imortal "Coca-cola song", "tudo isto não passa de uma coisa que passa".