A mexicana Fernanda Melchor venceu o Prémio Casino da Póvoa, atribuído no âmbito do Correntes d’Escritas – Encontro de Escritores de Expressão Ibérica. O anúncio foi feito, esta manhã, na abertura do festival.
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"O romance destaca o lado mais sombrio da natureza humana, numa comunidade dominada pela violência mais extrema e pela luta entre cartéis de droga. Com uma escrita torrencial marcada pela coloquialidade, a escritora dá corpo a uma narrativa polifónica que exacerba a existência de personagens, elas próprias restos na periferia da periferia. Tudo isto conduz o leitor a uma experiência de vertigem, isenta de qualquer tentação moralista", escreveu o júri constituído por Ana Gabriela Macedo, Carlos Vaz Marques, Isabel Lucas, Isabel Pires de Lima e José Mário Silva, justificando a atribuição do prémio a “Temporada de furacões”.
Fernanda Melchor foi galardoada, em dezembro de 2019, com o Prémio Anna Seghers pelo mesmo livro “Temporada de furacões” e, em 2020, esteve entre os finalistas do Booker Internacional. A jornalista, de 41 anos, tinha já sido considerada, em 2015, pelo Hay Festival e pelo British Council uma das escritoras com menos de 40 anos mais promissoras do seu país. Escreveu um livro de contos e três romances.
Entre os finalistas do evento estavam escritores como Mário Cláudio, Valter Hugo Mãe, Enrique Vila-Matas e Mia Couto.
Nos outros prémios do festival, Carlos Cortez Fonseca Matos, aluno da Escola Secundária José Gomes Ferreira (Lisboa), venceu o Prémio Literário Correntes d’ Escritas/Papelaria Locus, destinado aos jovens. O Prémio Fundação Dr. Luís Rainha, para obras sobre a Póvoa de Varzim, foi para “Porque da Neblina não Caem Lágrimas, de Gisela Cristina Ribeiro da Silva.
Já o Prémio Literário Luís Sepúlveda, destinado a premiar um conto infantil ilustrado elaborado por alunos do 1.º Ciclo, foi para “Vitória, vitória…”, do 4.º A da Escola Básica José Manuel Durão Barroso, Armamar.
O Correntes d’ Escritas, o maior festival literário do país, está a decorrer na Póvoa de Varzim até ao próximo dia 26. Este ano, os 50 anos do 25 de Abril e da elevação da Póvoa a cidade dão o mote para a 25.ª edição. Estarão na Póvoa 120 escritores, de 16 países. Do programa constam 11 mesas de debate, 40 lançamentos de livros, exposições, teatro, oficinas, uma feira do livro e idas de escritores às escolas.
Entre as novidades deste ano, vai decorrer o 1.º Encontro de Tradutores, sessões descentralizadas em todas as freguesias e duas edições especiais dos programas “Isto é gozar com quem trabalha – Especial outra vez eleições” e do “Programa cujo nome estamos legalmente impedidos de dizer”, com Ricardo Araújo Pereira, Pedro Mexia, João Miguel Tavares e Carlos Vaz Marques.