Miguel Gomes premiado em Cannes: "O prémio é importante, mas o trabalho é coletivo"
Miguel Gomes apareceu na conferência de imprensa dos premiados do Festival de Cannes colocando em cima da mesa o símbolo da Déche, um coletivo que denuncia a situação cada vez mais precária dos trabalhadores dos festivais de cinema.
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Miguel Gomes venceu o Prémio de Realização do Festival de Cannes por “Grand Tour”, este sábado.
“Diria que o cinema inventa um espaço para que o espectador possa ser livre e ativo. Há uma relação entre o espectador e o filme. Por vezes, os filmes comandam tudo, os espectadores tornam-se marionetas do filme. O que quisemos foi inventar um espaço para que o espectador crie qualquer coisa. É uma parte do objetivo do meu filme”, explicou o realizador português na conferência dos premiados de Cannes.
“O prémio é importante, mas o trabalho é coletivo. Quando tenho dias maus, a equipa ajuda-me. Estou muito contente com este prémio e quero partilhá-lo com os portugueses. Em Portugal há muitas dúvidas, não se sabe o que vai acontecer com as políticas para o cinema. Eu vou insistir com o poder político, este prémio permite-me fazê-lo. É preciso continuar a apoiar o cinema português, mesmo quando se diz tanto mal dos filmes portugueses”, apontou.
“A responsabilidade de um realizador é fazer filmes que vão partilhar com os espectadores. Recebi-o de Wim Wenders, mas não sabia que ia ganhar aquele prémio. No passado havia também essa responsabilidade. Mas é verdade que o mundo de hoje é ainda mais sombrio. É preciso entrar na cabeça dos espectadores”, defendeu Miguel Gomes após vencer este prémio maior de Cannes.