Meio de uma tarde quente e ensolarado de Setembro, como tantas outras, na Tunísia. Uma paragem na Medina de Kairouan, a capital dos tapetes, para compras nos Souqs onde se vende de tudo, ou só para esticar as pernas pelas vielas estreitas e coloridas.
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Uma vozinha sussurra: "Bonjour, Madame". Viro-me e vejo um menino, pele cor de canela e olhos em tons de amêndoa, com um cesto preso ao peito com um elástico, a vender "chewing gum". Ao contrário do habitual por aquelas terras, onde não se responde quando não se quer "conversa", atrevo-me a responder. E o menino, de ar franzino - diz ter 12 anos, mas parece menos - fala e acompanha-me pelas ruelas.
Num francês perfeito, pergunta de onde eu sou, o que faço, a minha idade, se tenho filhos, mas sem incomodar, ao contrário de tantos outros, que não largam os turistas, à procura de moedas, a pedir ou vender o que quer que seja. Peço a Mohamed - é o nome dele - uma caixa de chicletes, pago-a juntando mais uns dinares, para ele guardar. Inicialmente, recusa, mas eu insisto. Acaba por aceitar, ripostando "Merci, Madame. Ça c'est pour vous", e entrega-me mais pastilhas, que não consigo recusar.
Conheci o Mohamed a meio de uma excursão obrigatória numa primeira visita à Tunísia. Partimos de Sousse em direcção às portas do deserto do Sahara, em Douz, onde se assiste ao pôr-do-sol nas dunas, em cima de um camelo, ao lado dos vendedores das rosas do deserto ou, simplesmente, a ouvir o silêncio ensurdecedor do deserto.
No regresso, pára-se em Chott El Jerid, um imenso lago salgado, de cristais de sal brancos, matizados de verde, laranja e rosa. Pelo caminho, ficaram o oásis de Tozeur, com milhares de palmeiras e centenas de fontes, de ar puro e sombras que ajudam a aguentar o calor. E também nas aldeias: Matmata, cujas habitações escavadas na rocha serviram de cenário ao "Guerra das Estrelas", e Midés, Tamerza e Chebika, nas montanhas perto da fronteira com a Argélia.