
Foto: Andreas Solaro/AFP
O ator e cineasta Mohammed Bakri, defensor da causa palestiniana, morreu na quarta-feira aos 72 anos, informou um porta-voz do hospital. Era conhecido pelo documentário "Jenin, Jenin" e pelo seu compromisso com os palestinianos, o que levou a frequentes confrontos com as autoridades israelitas.
"Mohammed Bakri morreu esta quarta-feira no Centro Médico da Galileia", na cidade de Nahariya, no norte de Israel, disse à AFP o porta-voz do hospital, Gal Zaid. Morreu de problemas cardíacos e pulmonares, segundo a família.
Nascido na Galileia em 1953, numa família muçulmana, Bakri era cidadão israelita. Atuou em importantes filmes israelitas, mas também foi dirigido pelo realizador franco-grego Costa-Gavras e pelos cineastas italianos Paolo e Vittorio Taviani.
O seu papel como prisioneiro palestiniano numa prisão israelita no filme "Além dos Muros" (1980) valeu-lhe a aclamação da crítica em Israel e em todo o Mundo. Mas a sua fama internacional cresceu com o lançamento de "Jenin, Jenin" (2002), que denunciava alegados crimes de guerra israelitas no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, durante a Segunda Intifada. O Supremo Tribunal de Israel manteve a proibição do filme em 2022, considerando-o "difamatório".
O pai de seis filhos realizou também vários documentários com temática social sobre a situação dos cidadãos palestinianos em Israel.
A rádio árabe-israelita "A-Shams" publicou uma homenagem nas suas redes sociais, descrevendo Bakri como uma "voz livre". "Desde os seus primeiros tempos no teatro, a arte não era apenas um passatempo para Mohammed Bakri, mas uma ferramenta para sensibilizar e promover o diálogo", afirmou a estação de rádio. "O legado deixado por Mohammed Bakri permanecerá, lembrando-nos que a arte pode ser um ato de resistência."
