O projeto musical Estrada Branca, dedicado a José Afonso e Vinicius de Moraes, passa a partir desta quarta-feira por quatro cidades, numa digressão singular a espalhar a boa nova das comemorações de Abril.
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É impossível não deixar uma marca neste mundo, principalmente se partilharmos com muitos a nossa mensagem. Há artistas que o fazem a partir da sua essência, a partir de uma criatividade especial para a mensagem chegar mais longe.
No projeto musical Estrada Branca reúnem-se dois destes artistas. José Afonso e Vinícius de Moraes, que permaneceram na memória coletiva, criando até vontade de desdobrar e culminar com a voz de outros artistas.
Ao apenas ler o título, pode parecer uma junção improvável, só que, a realidade é que há uma explicação para a beleza inesperada deste álbum. Carlos Tê, autor e dramaturgo deste espetáculo, partilhou, em entrevista com o JN, como foram dados os primeiros passos para construir um alinhamento que fizesse transparecer à sociedade a importância da mensagem destes dois poetas. “Fui investigar e apercebi-me que aqueles dois autores, sobretudo pela parte da palavra, andavam a escrever sobre coisas parecidas em dois espaços diferentes, quando éramos duas ditaduras de costas viradas”.
Como a sua junção culmina os paralelos entre a humanidade, neste espetáculo prova-se que, mesmo com a distância do outro lado do mundo a separar povos, o desejo é o mesmo. Na poesia de José Afonso e Vinicius de Moraes, a mensagem é clara.
A falar na mesma língua, sobre aquelas mesmas mensagens carregadas pelo desejo da liberdade, em países opostos, Carlos Tê encontrou “o fio condutor” para construir o reportório. O autor avançou ao JN uma adição especial ao espetáculo que andará mais uma vez pela estrada portuguesa, mas mais não pode revelar.
No âmbito das comemorações da Revolução dos Cravos, pela mensagem evidente que o espetáculo de Estrada Branca carrega, Mônica Salmaso e José Pedro Gil regressam aos palcos, marcando passagem por quatro cidades.
A digressão começa esta quarta-feira em terras alentejanas no Teatro Garcia Resende, em Évora (8 euros). A capital recebe o segundo concerto, na sexta, no Grande Auditório do CCB (15 euros - galerias a 60 euros - balcões laterais).
O fim-de-semana é passado no Norte, subindo sábado ao palco do Cineteatro de Amarante. O último concerto será recebido domingo, na Casa da Música, abrindo portas à mesma hora (15 a 35 euros). À exceção de Évora, que tem concerto às 21.30 horas, os restantes concertos abrem portas meia hora mais cedo.
O projeto estreou em 2017, no Teatro Nacional São João, no Porto, foi editado dois anos mais tarde, a partir da gravação ao vivo que contou com a passagem por três concertos no Mosteiro de São Bento da Vitória (Porto), Centro Cultural Olga Cadaval (Sintra) e São Luiz Teatro Municipal (Lisboa).