A nova temporada da série "Morangos com Açucar" estreou, na passada segunda-feira, na TVI e na Prime Video.
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“Olá moranguinhos, bem-vindos ao Colégio da Barra. Aqui, ou és influencer ou és invisível”. O arranque do primeiro de dez episódios da nova versão da série juvenil “Morangos com açúcar” – uma produção da TVI e da Prime Video – traz para o presente quem pudesse estar à espera de confortar a nostalgia e o saudosismo despertados pelo início dos anos 2000. Claro que bate a saudade: é difícil não senti-la ao recordar os fins de tarde em frente à televisão a comer pão com Tulicreme, enquanto, no ecrã, o Pipo e a Joana trocavam o primeiro olhar, o Simão e a Ana Luísa se combatiam na pista de motocross ou o Dino desfilava pelo Bar do Fred antes de ir embora para sempre num balão.
É inevitável o olhar melancólico sobre o passado, porque no passado estão também a infância e adolescência. Mas tentar negar o avanço dos tempos e fingir que não passaram 20 anos desde o início dos “Morangos” não seria a melhor forma de honrar a sua génese: uma série sobre e para jovens, que trata temáticas da atualidade. Se, em 2003, o produto foi disruptivo por misturar rocambolescos enredos amorosos e dramas comuns da adolescência em contexto escolar com assuntos tabu até então pouco explorados, duas décadas depois essa essência mantém-se. E melhorada: além de ser claro o investimento na qualidade da fotografia (nota-se que há uma plataforma de streaming metida ao barulho), a qualidade de interpretação dos atores (que resgataram personagens icónicas da série) é muito superior, o que pode explicar-se pelo crescimento da ficção nacional ao longo dos anos e a maior aposta na formação.
Embora com algumas falhas de argumento e clichés que trazem um travo agridoce à boca, os renovados “Morangos” – que estrearam com uma aluna a ser vítima de cyberbullying ao ver o seu corpo exposto – adaptaram-se aos dias e estão mais maduros. Expõem o impacto das redes sociais e a pressão para encaixar, trazem diversidade de orientações sexuais, de género e de modelos relacionais. E, claro, num adeus à rádio do colégio, dizem olá ao podcast “Morangos com Açúcar” (ler com a voz do genérico original).