Vários artistas e políticos portugueses lamentaram esta segunda-feira a morte do músico Fausto Bordalo Dias, com a partilha de canções e excertos de letras do cantautor, que morreu de madrugada em Lisboa, aos 75 anos.
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Nas redes sociais, o músico Pedro Abrunhosa chamou-lhe o "inventor de estéticas", lamentando "o silêncio das rádios", "os prémios que não ganhou" e "os festivais que não fez, porque a sua música não era quadrada".
"Morreste-me, Fausto. Morreste a um país inteiro cego para a Música e surdo para a Poesia. Até sempre! E perdoa a nossa miséria", partilhou Pedro Abrunhosa.
Pedro da Silva Martins, músico e compositor, cofundador dos Deolinda e Cara de Espelho, lembrou o dia em que agradeceu a Fausto Bordalo Dias a mestria artística: "Somos muito mais com o Fausto do que seríamos sem ele! Acho que muita gente partilha deste sentimento e é por isso que o Fausto nunca nos faltará".
Para o músico brasileiro Pierre Aderne, morreu "um dos maiores compositores, artistas da música de língua portuguesa", enquanto a cantora Eugénia Melo e Castro, que fez coros em alguns dos álbuns do músico, escreveu no Facebook que "Fausto é o mais importante, o melhor autor/cantor/poeta e compositor da sua geração. Imortal".
O compositor Antonio Pinho Vargas, os músicos Mário Mata e Miguel Guedes (Blind Zero) também lamentaram hoje a morte do músico, aos quais se juntaram políticos de vários quadrantes.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, escreveu na rede social X que Fausto "trouxe à música popular a cor e o imaginário do universalismo português".
A deputada socialista Alexandra Leitão considerou que "sem Manuel Cargaleiro [escultor que morreu no domingo] e sem Fausto, Portugal ficou mais pobre", enquanto o deputado do Livre Jorge Pinto escreveu: "Deixou-nos hoje um dos nomes maiores da música e cultura portuguesa dos últimos 50 anos".
Catarina Martins (BE), José Gusmão (BE), Ana Catarina Mendes (PS) e o ex-ministro da Cultura Pedro Adão e Silva lembraram igualmente o músico.
"A voz de Fausto ouvia-se em casa de José Saramago em Lanzarote ou em Lisboa. 'Por este rio acima' era uma forma de começar um dia de trabalho ou simplesmente de conviver", partilhou Pilar del Río, tradutora, mulher do Nobel da Literatura e presidente da Fundação Saramago.
Fausto Bordalo Dias, criador de "Por Este Rio Acima", morreu esta segunda-feira de madrugada aos 75 anos, em casa, em Lisboa, vítima de doença prolongada.
Sérgio Godinho destaca "Por este Rio Acima"
"O desaparecimento do Fausto é um acontecimento muito triste embora infelizmente esperado", disse o cantor e escritor à agência Lusa, admitindo saber que Fausto se encontrava doente.
"Era um grande criador, intérprete , criador de letras e músicas e criou um universo próprio, muito pessoal e muito personalizado. A gente consegue dizer aquela canção é do Fausto porque de facto ele tinha um carimbo", frisou.
Para Sérgio Godinho, Fausto "deixou uma marca muito, muito forte na música portuguesa".
O cantor reiterou ainda que a "grande obra, a obra-prima" de Fausto foi "Por este Rio Acima", um disco "muito conceptual, que não é algo que costuma acontecer, é até raro acontecer".
Um trabalho com um "som muito próprio e muito inspirado", porque Fausto Bordalo Dias "era um compositor muito inspirado", com "belíssimas canções", "muito fortes que retratam também uma maneira muito forte de estar no mundo, muito portuguesa".