O escritor Joaquim Murale, pseudónimo literário de António José Rocha, faleceu este domingo, aos 71 anos, em Lisboa, onde residia. Deixa uma obra vasta nos domínios da poesia, romance, contos e teatro.
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Autor de uma obra extensa que fazia a apologia da dignidade humana e procurava combater as desigualdades sociais, Joaquim Murale entendia a lteratura como um instrumento de transformação das consciências.
"Escrevo para mudar o mundo", afirmou ao JN, em 2017, numa entrevista na qual passava em revista a atividade literária de quatro décadas.
A preocupação de intervir no momento atual era uma constante na sua obra, ainda mais evidente em títulos como "Manifesto contra a morte do futuro", "O áspero tempo das marionetas" ou "Viagem ao jardim da ira".
Nascido em Estremoz em 1953, mudou-se para Lisboa com a família aos 14 anos, tendo iniciado a vida profissional aos 16. Após mais de duas décadas de interrupção, retomou os estudos no ISPA-Instituto Superior de Psicologia Aplicada, onde se viria a licenciar em Psicologia Social e das Organizações. Poucos anos depois, realizou uma pós-graduação em Consulta Psicológica e Psicoterapia.
Por essa altura já tinha publicado os livros de poesia "Do fogo e da água" e "Erava de agosto" e as peças de teatro "Ao atiçar do lume" e "Diálogos da sala de fumo". Após mais de duas décadas sem publicar, tornou-se particularmente prolífico desde 2012, com a escrita de 20 livros de poesia e romances.
Sobre a sua obra dramatúrgica, Luiz Francisco Rebello, no livro "100 Anos de Teatro Português", classificou Murale como um autor “de aberto sentido crítico e claro projecto político”.
Já este mês, publicou pela Seda, editora na qual lançou a maioria dos títulos, "O cio da serpente", livro de poesia que iria ser apresentado em Lisboa e no Porto no início de junho.