Com um longo percurso ligado aos jornais, sobretudo ao “Jornal de Notícias”, mas também às artes plásticas, o fotojornalista Marco faleceu esta terça-feira, aos 87 anos.
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Armando José Moreira era o seu nome de batismo, mas todos o conheciam simplesmente por Marco. Uma referência ao seu local de nascimento, freguesia de Cete, município de Paredes.
O gosto pelas artes plásticas acompanhou-o desde cedo e esteve na origem da escolha do curso de Pintura Decorativa na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis, no Porto, que concluiu com distinção em 1965.
Ainda na qualidade de aluno, realizou, nesse mesmo ano, a sua primeira exposição individual na extinta Galeria Divulgação, ligada à livraria homónima que marcou uma época no Porto.
Com a intenção de ingressar no Ensino Superior, frequentou na mesma escola os cursos de Gravador Fotoquímico e de Artes Gráficas. Foi nessa altura que o apelo da fotografia falou mais alto e o fez dedicar-se cada vez mais aos jornais, sem que, contudo, esquecesse em definitivo a licenciatura em Artes Plásticas/ Pintura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, concretizada em 1986.
Durante mais de três décadas, no “Jornal de Notícias” mas também no “Diário de Notícias”, fez milhares de reportagens por todo o país e não só, demonstrando uma versatilidade que o fazia sentir-se tão à vontade a cobrir assuntos do quotidiano como desportivos. A sua figura esguia e plena de bonomia, com os longos cabelos apanhados, tornou-se uma presença familiar em eventos dos mais variados quadrantes. "Na cobertura de uma prova automobilística, sofreu um atropelamento que o colocou entre a vida e a morte", relembra numa nota de pesar a Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto (AJHLP), de que era sócio.
A paixão e o gosto pelas artes nunca ficaram para trás no seu percurso profissional. Em paralelo ao jornalismo, dirigiu graficamente inúmers publicações e concebeu cenários para peças de teatro, além de ter sido autor e orientador do Boletim Cultural de Paredes. A entrega à causa artística também passou pelo ensino, ao ter sido professor de Desenho na Escola Soares dos Reis e de Fotojornalismo no Curso de Fotografia da Cooperativa de Ensino Superior Artístico Árvore.
No plano das edições, destaca-se “Ribeira Douro”, um álbum lançado em 1996 com o apoio da Câmara Municipal do Porto que assinalou a elevação do centro histórico do Porto a Património Mundial.
"Foram inúmeras as exposições dos seus trabalhos fotográficos sobre a Região Norte, nomeadamente os municípios do distrito do Porto, o Rio Paiva, bem como Trás-os-Montes e Alto Douro. Igualmente publicou as suas fotografias em seis álbuns, um dos quais acompanhado de um longo texto de Agustina Bessa-Luís", recorda a AJHLP.
A derradeira exposição que teve em 2020, na Casa da Cultura de Paredes, reuniu trabalhos de pintura e fotografia desde a década de 1960, com curadoria de Ferreira Coelho.