A académica e investigadora Maria da Glória Padrão, figura de referência da Faculdade de Letras da Universidade do Porto no período pós-25 de Abril, faleceu este sábado, aos 83 anos.
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Durante mais de duas décadas, Maria da Glória Padrão conciliou a docência com a investigação académica, tendo publicado ainda numerosas dissertações, na sua maioria sobre literatura portuguesa.
“A metáfora em Fernando Pessoa” foi uma das suas obras ensaísticas mais marcantes, tendo sido reeditada várias vezes. Publicado pela Inova, do editor José da Cruz Santos, no ano de 1973, o livro conheceu mais duas edições na década seguinte, com a chancela da Limiar.
Isabel Pires de Lima, professora emérita da Faculdade de Letras do Porto, recorda-a não só como “uma pioneira dos estudos pessoanos”, mas também como alguém com “uma forte capacidade de empatia” com os alunos. As tertúlias que promoveu na época tiveram forte impacto na comunidade estudantil
Num período conturbado da Faculdade de Letras do Porto, em que a universidade procurava reconstruir-se após ter estado encerrada durante vários anos no Estado Novo, "desempenhou um papel muito importante", recorda a presidente da Fundação de Serralves, que destaca igualmente a sua proximidade às correntes formalistas então em voga nos estudos literários.
Além de um livro sobre a escultora Irene Vilar, coordenou Um escritor apresenta-se”, compilação de entrevistas de Vergílio Ferreira entre 1947 e 1981.
Teve ainda uma experiência política em 1985 como deputada na Assembleia da República pelo Partido Renovador Democrático, eleita pelo círculo do Porto.
O velório de Maria Glória Padrão realiza-se este domingo de manhã na capela mortuária do cemitério de Moreira da Maia.