O artista plástico Francisco Laranjo faleceu esta quarta-feira, aos 67 anos, no Porto, vítima de doença oncológica. O seu percurso artístico e profissional esteve sempre muito próximo da Faculdade de Belas Artes do Porto, instituição de ensino onde se formou e chegou a ser o diretor.
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Artista "lúcido e totalmente emocional", atento "às questões essenciais do mundo", como se definia, o artista plástico e professor catedrático Francisco Laranjo morreu nesta quarta-feira, no Porto, vitimado por um tumor cerebral.
O seu percurso artístico, em Portugal e no estrangeiro, e o tRajeto universitário estiveram na origem da atribuição, em 2015, da Ordem da Instrução Pública (Comendador), pelo Presidente da República.
Natural de Lamego, mudou-se para o Porto aos 18 anos, para estudar na Faculdade de Belas Artes, dando início a uma relação duradoura. Concluído o curso, em 1978, foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em pós-graduação, [1981-83] e desenvolveu trabalho académico nos anos seguintes em países como a Holanda e o Egito.
Professor catedrático nas Belas Artes do Porto desde os anos 90, lecionou e proferiu conferências em universidades como Paris, Sófia, Ottawa, Sheffield ou Bilbao.
No início da década de 2010, foi nomeado diretor da sua faculdade de sempre, tendo procurado, como afirmou numa entrevista recente, deixar "um legado de resistência pela liberdade de criação artística e de pensamento".
Ambas as premissas estiveram também desde sempre muito representadas no seu trajeto artístico, premiado ao longo dos anos pela Fundação Calouste Gulbenkian ou Sociedade Nacional de Belas Artes. As duas cidades mais importantes do seu percurso biográfico, Porto (2009) e Lamego (2013), concederam-lhe as respetivas medalhas de ouro de mérito.
Com exposições realizadas em mais de uma dezena de países, entre os quais Inglaterra, Alemanha, Canadá, Dinamarca ou Índia, Francisco Laranjo dedicava-se essencialmente à pintura, mas fez também incursões por outras áreas, como o demonstram os vitrais na Igreja de São Martinho de Cedofeita, no Porto, e na Igreja da Sagrada Família, em Chaves, ou o painel cerâmico no Instituto Português de Oncologia.
Ponto comum na esmagadora maioria das suas criações artísticas era a busca de uma fluidez e clareza pouco frequentes no meio artístico. Numa entrevista ao JN, em 2009, criticou a "falta de curiosidade e de cultura" que grassava em Portugal e assumia-se como "um inconformado, sempre à procura de saber mais"
"Não tenho a certeza de alguma coisa, mas estou sempre à procura de fazer o que ainda não descobri, de me ultrapassar, de estar mais atento a outras linguagens que não só a pintura ou a fotografia", defendia.