Editor, divulgador e produtor de espetáculos, Avelino Tavares faleceu neste domingo, aos 85 anos, somando mais de meio século de atividade em prol da música.
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“Um dos grandes impulsionadores e divulgadores musicais portugueses”, nas palavras do músico André Sarbib, Tavares fundou em 1969 a mítica revista “MC-Mundo da Canção”, que, apesar de ter cessado a publicação em Julho de 1985, ressurgiria em Junho de 1991 numa nova série de edições temáticas.
Apesar de ter nascido na freguesia de Pinheiro da Bemposta, em Oliveira de Azeméis, instalou-se no Porto na juventude, cidade onde viveu durante quase toda a sua vida, com exceção de um período, na década de 60, em que estudou na cidade francesa de Poitiers.
A sua atividade em prol da música tornou-se constante a partir do início da década de 1970. Como promotor, esteve ligado aos ‘Convívios MC’ na Galeria Alvarez, inaugurados com a presença de Manuel Freire e que chegara a contar com a presença de vultos das artes plásticas, como Maria HelenaVieira da Silva.
Enquanto divulgador, produziu e realizou, na Rádio Delírio, programas dedicados à divulgação de vários géneros, além de ter sido editor da segunda série do jornal “A Memória do Elefante" e autor de vários livros e trabalhos fonográficos.
Para os melómanos portuenses, Avelino Tavares é também sinónimo da MC Discoteca, loja de discos que abriu no centro do Porto em 1981 e se tornou “um local obrigatório para a descoberta das músicas 'marginalizadas' pelos circuitos comerciais dominantes, mas também ponto de encontro e de convívio por onde passaram grandes nomes da música portuguesa e estrangeira”, como se pode ler no site da Mundo da Canção.
Mas foi a partir do anos 80 que o seu trabalho ganhou ainda maior abrangência, com o início de uma intensa atividade de produção, organização e divulgação de espetáculos, tendo recebido em várias salas da cidade do Porto artistas como José Afonso, Leo Ferré, Paco de Lucia, Carlos Paredes, Fausto, José Mário Branco, Gal Costa, Egberto Gismonti, Maria João Pires, Astor Piazzola, Rui Veloso, Miles Davis, Pablo Milanés ou Cesária Évora, entre muitos outros. A par da promoção de espetáculos, foi ainda agente de bandas como Arte e Ofício, Pesquisa, Roxigénio ou Smoog.
Dos inúmeros eventos musicais que produziu, organizou e divulgou contam-se o Festival de Jazz do Porto, o Festival Intercéltico do Porto,
Matosinhos em Jazz, Funchal Jazz Festival ou o Praia Blues, na Praia da Vitória / Ilha da Terceira – Açores.
“Mais do que a paixão pelo jazz ou pelo folk, ele era sobretudo apaixonado pela música. Aliás, não fazia distinção de géneros ou estilos. Só”, sintetiza André Sarbib.