Autor de "A estrada" e "Este país não é para velhos" tinha 89 anos. Deixa 12 romances, entre os quais dois lançados há poucos meses: "O passageiro" e "Stella Maris".
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Cormac McCarthy, um dos maiores escritores norte-americanos dos séculos XX e XXI, morreu esta terça-feira na sua casa em Santa Fé, nos Estados Unidos. Tinha 89 anos.
A causa da morte do autor do romance negro "Este país não é para velhos", que os irmãos Coen levaram com grande sucesso ao cinema e aos Oscars, não foi imediatamente divulgada. A notícia do falecimento foi veiculada pela sua editora, a Penguin Random House.
Autor niilista, foi um cronista inabalável das fronteiras sombrias da América e atravessou géneros como o western e o pós-apocalipse.
Foi um escritor exigente, mas honesto, e as suas descrições clínicas do tormento interior, tanto individual como coletivo, renderam-lhe seguidores ferozmente leais.
Cormac McCarthy escreveu 12 romances, duas peças de teatro, cinco argumentos para cinema e três contos breves.
O seus romances mais celebrados são "A Estrada", "Meridiano de sangue", "O filho de deus", ou os dois mais recentes "O passageiro" e "Stella Maris".
Ambos lançados em 2022, estes dois últimos, que interromperam um afastamento das edições superior a 10 anos, funcionam como um díptico literário que narra a história de um homem assombrado pela morte da sua irmã.
São marcas reconhecidas do seu universo criativo as representações gráficas da violência e o seu estilo de escrita muito singular, que aplica um uso muito esparso de pontuação e diálogos secos e eficazes em discurso direto. O seu lado filosófico e misterioso, tanto para o Homem como para a Natureza, são igualmente marcas do autor norte-americano.
Em 1992, Cormac McCarthy recebeu o National Book Award e o Nation Book Critics Circle Award por "All the Pretty Horses".
"A Estrada", livro que ilustra a luta pela sobrevivência de um pai e de um filho num mundo que foi devorado pelo apocalipse e pela ganância, é considerado por muitos a sua obra-prima e o que melhor ilustrará a fatal queda da civilização.
Esse romance rendeu-lhe um Pulitzer em 2007 e foi adaptado ao cinema por John Hillcoat em 2009, com um elenco cheio de estrelas: Viggo Mortensen, Kodi Smit-McPhee, Robert Duvall, Guy Pearce e Charlize Theron.