Escritor francês de 86 anos era especialista em banda desenhada de cariz político.
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Pierre Christin, cocriador do herói de ficção científica Valérian e de inúmeras bandas desenhadas de tensão política, morreu esta quinta-feira em Paris. Tinha 86 anos.
Formado em Estudos Políticos, a sua tese de doutoramento intitulou-se "Notícias: a literatura dos pobres". Um encontro com Jean-Claude Mezières (1938-2022), nos EUA, onde ensinava francês, mudaria a sua vida.
Após uma curta-metragem para TV, a dupla assinou a primeira BD: "Le rhum du punch" (1966), publicada na "Pilote".
Foi o início de uma carreira ímpar, assente num olhar visionário, culto e fundamentado, em que a ficção andou de mãos dadas com temáticas de ordem social e política.
Publicado em Portugal
Se "Valérian", uma série com vários níveis de leituras que se distinguiu pelo carácter forte da coprotagonista Laureline, e pela utilização da ficção científica para expor ideias progressistas, é a sua obra mais popular, seria com "A caçada" (1983), desenhada por Enki Bilal, sobre a queda do comunismo a Leste, que se impôs como um argumentista único.
Bem divulgado em Portugal, tem como obras mais recentes "Lena" (Arte de Autor), que aborda o terrorismo contemporâneo em termos formais, geográficos e motivacionais, e "Orwell" (Ala dos Livros), que propõe um retrato de George Orwell antes da sua faceta de escritor e ensaísta político.