A cantora irlandesa Sinéad O’Connor morreu esta terça-feira, avança o jornal "Irish Times". Há um ano, a compositora chegou a ser internada depois da morte de um dos filhos.
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A notícia surge um ano depois de um dos filhos da artista, Shane, de 17 anos, ter cometido suicídio, após ter fugido do hospital onde estava internado sob vigilância.
Logo depois da morte do filho, Sinéad O’Connor, que se tornou mundialmente conhecida em 1990 com a sua versão da música "Nothing Compares 2U", de Prince. foi internada, depois de publicar um série de mensagens onde afirmava sentir-se culpada pela partida prematura de Shane.
"Tudo aquilo em que toco, arruino. Apenas fiquei por ele", escreveu no Twitter, na altura, procurando, mais tarde tranquilizar os fãs pelo desabafo. "Desculpem. Não deveria ter escrito isto. Estou com a polícia a caminho do hospital. [...] Estou perdida sem o meu filho e odeio-me. O hospital vai-me ajudar um pouco. Mas eu vou reencontrar-me com o Shane. Isto é apenas um atraso", realçou.
Numa altura em que se mostrou mentalmente fragilizada, lamentou que os filhos não quisessem estar com ela, chegando até a dizer que só poderia ser "uma pessoa de merda".
Segundo o mesmo jornal, Sinéad venceu, no início deste ano, o prémio de “Álbum Clássico Irlandês” nos RTÉ Choice Music Awards.
A artista de Dublin lançou 10 álbuns de estúdio, numa carreira de sucesso, também marcada pelas suas tomadas de posição.
Em 1992, rasgou uma fotografia do Papa João Paulo II, em direto no programa Saturday Night Live, da televisão norte-americana, num protesto contra os abusos sexuais na igreja. Sete anos mais tarde, em 1999, O'Connor mostrar-se-ia arrependida pelo ato, quando foi ordenada sacerdotisa de uma ordem católica fundamentalista, mas sem deixar de defender as vítimas de abuso.
De recordar que, em 2018, a compositora anunciou que se tinha convertido ao Islão, mudando o nome para Shuhada Davitt.
Nunca abandonou o papel de ativista, abordando diferentes problemáticas como abuso infantil, que confessou ter sofrido, a depressão e os problemas causados por doenças mentais, os direitos da mulher e a condenação do racismo, evocando personalidades como Martin Luther King.
Em 25 de junho de 1995, quando atuou no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, trouxe o seu então recente álbum "Universal Mother", e não cantou "Nothing Compares 2 U". No último dos seus dois encores interpretou a solo, sem acompanhamento, "Dream A Little Dream Of Me", de Mama Cass, dos Mamas and Papas.
Três anos antes, alguns dias após a participação no programa Saturday Night Live, afirmara-se sobre uma audiência hostil, no Madison Square Garden, em Nova Iorque, interpretando, também a capella, o hino anti-belicista "War", de Bob Marley.
Em 2020 publicou a autobiografia "Rememberings".
Família pede privacidade
A família confirmou, em comunicado, a morte da artista, pedindo aos fãs que respeitem o momento de "grande tristeza". "Família e amigos estão devastados e pedem privacidade".
O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, declarou que lamenta "profundamente a morte de Sinéad O'Connor", apresentando "condolências" não só à família e amigos, mas também "a todos os que amam sua música". "Era amada em todo o mundo e o seu talento era inigualável e incomparável", escreveu o chefe do governo no Twitter.