Morreu o mestre e inovador do funk Sly Stone, cuja música impulsionou uma explosão soul influenciada pelos direitos civis norte-americanos, na década de 1960, dando origem a álbuns influentes, mas também a uma vida ligada ao consumo de drogas. Tinha 82 anos.
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O multi-instrumentista líder da banda Sly and the Family Stone — a primeira banda de rock com integração racial e mista — "faleceu pacificamente, rodeado pelos seus três filhos, o amigo mais próximo e a família alargada", após uma longa batalha contra doença pulmonar obstrutiva crónica e outros problemas de saúde, informou a família em comunicado.
"Embora lamentemos a sua ausência, consolamo-nos sabendo que o seu extraordinário legado musical continuará a ressoar e a inspirar as gerações futuras", diz ainda o texto divulgado sobre a sua morte.
Com uma energia vibrante no palco, refrões cativantes e letras que muitas vezes denunciavam o preconceito, Stone tornou-se uma superestrela, lançando discos fundamentais que abrangiam vários géneros musicais e realizando um concerto que encantou o público em Woodstock. Retirou-se para as sombras no início dos anos 1970 e as suas lutas pessoais acabaram por levar à desintegração do grupo. Surgiu esporadicamente em digressões de concertos insatisfatórias, aparições erráticas na televisão e uma reunião fracassada, em 2006, no palco dos Grammy Awards.
Uma mistura efervescente de soul psicadélico, consciência hippie, funk bluesy e rock baseado no gospel negro, a música de Stone provou ser uma potência melódica que atraiu milhões durante a era de ouro do pop exploratório — até que se desintegrou numa espiral de uso de drogas.
Ao longo de apenas cinco anos, a sua cooperativa sonora diversificada deixou um impacto indelével na música americana e mundial, desde o sucesso de estreia do grupo, "Dance to the Music", em 1967, e a sua primeira de três canções número um, "Everyday People", um ano depois, até à obra-prima do rhythm and blues dos anos 70, "If You Want Me To Stay".
Para muitos, Sly era um génio musical que criava o som do futuro. Era "como ver uma versão negra dos Beatles", disse a lenda do funk George Clinton à CBS News sobre a presença de palco do seu amigo de longa data. "Tinha a sensibilidade da rua, da igreja e, depois, as qualidades da Motown", acrescentou Clinton. "Era tudo isso numa só pessoa".