Coreógrafo lendário do Bolshoi, na Rússia, assinou produções icónicas como “Spartacus” e “Ivan, o Terrível”. Yuri Grigorovich foi diretor da companhia durante três décadas e deixou um legado eterno.
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Yuri Grigorovich, um dos mais importantes coreógrafos do século XX, morreu esta segunda-feira aos 98 anos, confirmou o Teatro Bolshoi, em Moscovo. Figura central do ballet soviético e russo, foi diretor artístico do Bolshoi entre 1964 e 1995, tendo criado coreografias que marcaram gerações, como “Spartacus”, “Ivan, o Terrível” e “Romeu e Julieta”.
“Foi uma figura lendária, que continuará a merecer respeito e admiração durante décadas”, afirmou Valery Gergiev, diretor dos Teatros Bolshoi e Mariinsky, ao jornal “Izvestia”.
Nascido em 1927, em plena era soviética, Grigorovich iniciou a sua carreira como solista no ballet Kirov, em Leninegrado (atual São Petersburgo), antes de se dedicar à criação coreográfica.
Durante as mais de três décadas em que liderou o Bolshoi, impulsionou a companhia para uma projeção internacional inédita, com digressões marcantes e uma estética que misturava força dramática com rigor clássico.
Com a queda da União Soviética, em 1991, o Bolshoi enfrentou dificuldades financeiras, tensões internas e a fuga de talentos para o estrangeiro. Em 1995, após meses de conflitos com a direção sobre os contratos dos bailarinos, Grigorovich demitiu-se — um ato que motivou a primeira greve de bailarinos da história da companhia. Nessa noite, um dos intérpretes veio ao palco anunciar que o espetáculo não se realizaria, perante um público incrédulo.
Nos anos seguintes, fundou uma nova companhia de dança em Krasnodar, no sul da Rússia, mas regressaria ao Bolshoi em 2008 como mestre de ballet e coreógrafo. Recebeu os mais altos galardões do país, entre os quais Artista do Povo da URSS e Herói do Trabalho Socialista.
Em 2017, o Bolshoi celebrou o seu 90.º aniversário com dois meses de espetáculos em sua homenagem. Curiosamente, a morte de Grigorovich foi anunciada no mesmo dia da do seu antigo bailarino de eleição, Yuri Vladimirov, que tinha 83 anos.
O Bolshoi garantiu que irá preservar a sua memória e o seu “legado inestimável”.