Mostra Estufa mostra as melhores colheitas

Nesta edição foram escolhidas três propostas de técnicas diversas: trapézio metálico, acrobacia aérea e dança acrobática.

Como explica Vasco Gomes, responsável da mostra, o projeto “Blue” de Margarida Monteny, reflete “sobre o peso da existência e do coletivo e onde estamos”. A artista está suspensa numa corda segura por três bailarinas, enquanto a plateia está toda sentada no palco e consegue observar, de perto, “todo o esforço que é feito, a tensão nas mãos, um trabalho espetacular”, descreve.

Como explica Vasco Gomes, esta foi também a edição em que os artistas foram selecionados com mais tempo, o que lhes permitiu também concorrer a outros apoios como foi o caso de “Blue” que tem também o apoio da DG Artes e da GDA.

O segundo espetáculo a edificar a Mostra deste ano é “Pindorama”, do brasileiro Vitor Abreu. Como explica a palavra significa “Brasil”, em tupi-guarani. O artista especializado em mastro chinês, decidiu desta feita ter uma relação telúrica, metáfora para a busca pelas suas raízes. Numa intricada dança acrobática enraizada nos rituais de candomblé e na capoeira, desenvolve uma poética coreografia, bastante efetiva pelo seu controle físico. Numa recriação que quase parece etérea são cortantes os sons das violentas vergastadas, com que debulha o ar.

A encerrar o programa está “Ru/tura” de David David. A produção põe em foco a problemática das emoções humanas que diz o criador se torna “num processo de sabotagem e degeneram em autodestruição”.

A anatomia humana é testada numa violenta confrontação entre o corpo do intérprete e um trapézio metálico, que vai produzindo sons industriais, segmentados apenas pela voz do cantor que o acompanha ao vivo, e com a sua voz angelical, vai adocicando o pesado ar repleto de sons de correntes. Três técnicas para ver o Mundo.

Teatro do Campo Alegre
Sexta e sábado