Festival de Guimarães fechou na madrugada deste domingo a sua maior edição em que celebrou 10 anos. O balanço é muito positivo, diz o diretor Bruno Abreu: mais dias, mais espaços e um público cada vez mais fiel.
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Quando olha para trás, Bruno Abreu não tem como esconder o orgulho de ver que um festival de “descobertas musicais”, nascido em Guimarães “de forma quase espontânea”, está a cumprir uma década de existência, afirmando-se num caminho emergente – como a música que apresenta – e sustentado.
A edição deste ano do Mucho Flow, que encerrou já bem dentro da madrugada deste domingo, teve mais um dia do que é habitual, dividiu-se por mais salas da cidade-berço e juntou instalações performativas e “talks” para “enriquecer a experiência” de um público fiel.
“O dia extra que acrescentámos na programação era algo que queríamos há muito, porque sentimos essa necessidade e fomos ao encontro do próprio feedback que nos foram passando”, explica ao JN Bruno Abreu, da Revolve, entidade que organiza o festival vimaranense. O programador assegura que essa é uma aposta para manter, até porque o percurso “ponderado e sustentado” de crescimento não conhece marcha-atrás.
“Desde cedo percebemos que fazia sentido juntar outras coisas que permitissem complementar a componente musical, muito forte e muito alargada, o que nos faz ter muitos espetáculos por dia. Começámos durante a tarde e acabámos de madrugada”, diz Bruno Abreu.
Essa é, aliás, uma das imagens de marca do Mucho Flow – e que não se vai alterar. “Este é um evento pensado enquanto experiência completa. Queremos que as pessoas venham cedo, passem cá muito tempo e acompanhem tudo o que temos para dar”, reforça.
Comprar bilhete sem saber o cartaz
Pedir a um programador para eleger um momento alto, em todo este percurso, é quase uma heresia. Bruno Abreu garante que é um pedido “muito ingrato” e prefere antes apontar àqueles que fazem com que qualquer festival tenha sentido e possa crescer ao longo de 10 anos.
“Temos pessoas que compram bilhete mesmo sem sequer saberem o que vai tocar. É sinal de que podemos contar com eles, que estão connosco”, destaca o organizador. E, por isso, o público é o bem “mais precioso” que o Mucho Flow tem.
“Recebemos muita gente de fora de Guimarães e de Portugal, que acaba por se encontrar aqui neste espaço de comunhão”, diz Bruno Abreu.
A beleza de Guimarães e os muitos espaços culturais existentes também ajudam, garante o programador. “Temos a felicidade de existirem muitos equipamentos disponíveis e próximos entre si, o que permite criar um itinerário ao longo do dia que agrada às pessoas e permite-lhes descobrir a beleza muito peculiar desta cidade”, conclui.
2500 espectadores em três dias
Amnesia Scanner, Canadian Rifles (que substituiu os Bengal Chemicals à última hora) Contour, Daniel Blumberg, Lynce, Heith, Lankum, Lost Girls, Miguel Pedro, OK Williams e Teryl Kaiz foram alguns dos nomes mais celebrados que passaram por Guimarães, dando corpo às mais prementes expressões das cenas eletrónica, pop e experimental.
Ao longo dos três dias, o Mucho Flow registou a passagem de 2500 espectadores, segundo dados da organização, que ocuparam as salas vimaranenses do Centro Internacional das Artes José de Guimarães, do Centro Cultural Vila Flor, do Teatro Jordão e do Teatro São Mamede.