
Graça Fonseca, ministra da Cultura
André Luís Alves / Global Imagens
Graça Fonseca poderá estar de saída da Cultura, mas só no último ano fez várias mexidas nas direções artísticas. Eleições poderão desencadear mais alterações.
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Em 2021, o Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, perdeu Tiago Rodrigues, considerado um dos melhores diretores artísticos da instituição - em 2019, o ator, encenador e dramaturgo foi distinguido com o Prémio Pessoa -, para o Festival d"Avignon, em França, o mais importante certame de artes performativas do Mundo. Para o suceder, o Governo escolheu Pedro Penim, que tomou posse em setembro, para um mandato de três anos. O fundador do Teatro Praga e do espaço Rua das Gaivotas 6 admitiu ter herdado "um projeto público estável".
No Porto, o Teatro Nacional São João (TNSJ) também poderá enfrentar mudanças. Se Pedro Sobrado foi reconduzido em março passado na presidência do Conselho de Administração, sobre a continuidade de Nuno Cardoso na direção artística do TNSJ, cujo mandato termina daqui a um mês, não há certezas. Contactada pelo JN, a tutela lembrou que há legislativas a 30 de janeiro e que a sucessão será decidida por quem então governar. Graça Fonseca poderá, portanto, estar de saída do Ministério da Cultura. Fontes ouvidas pelo JN asseguram que essa saída acontecerá mesmo que o PS vença as eleições.
Estes dois teatros nacionais são apenas uma amostra da mudança nas direções artísticas de vários equipamentos nacionais, e que devido à pandemia não têm sido escrutinados nem debatidos como seria normal. Exemplo desse emudecimento é a inesperada saída de Sofia Campos da Companhia Nacional de Bailado (CNB). A programadora, que foi substituída em setembro pelo bailarino Carlos Prado, não chegou a solidificar a "missão", uma vez que a primeira temporada seria, como disse, de transição. Em comunicado, o Governo dedicou apenas uma linha à "diretora cessante".
No final do ano, a maestrina Joana Carneiro deixou, a seu pedido, de ser titular da Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP). Para a suceder foi nomeado o maestro Antonio Pirolli, mandato que cessa em 2025. Neste caso, o comunicado foi mais generoso, agradecendo "o importante trabalho desenvolvido em prol da afirmação artística da OSP, bem como do prestígio do Teatro Nacional de São Carlos".
Para a direção artística do Museu Nacional do Traje foi aberto um concurso internacional, de que saiu vencedora a historiadora de arte Dóris Simões dos Santos. Tomou posse este ano, sucedendo a Carlos Alvarez. A Direção do Património Cultural lançou vários concursos em 2020 para a direção de museus, monumentos e palácios. Os resultados têm vindo a ser divulgados.
Mudança de estatutos
Pouco discutida foi também a mudança de estatutos da Fundação de Serralves, no Porto, que chegou ao conhecimento público, no final do ano passado, já como facto consumado. A alteração ocorreu para que Ana Pinho possa cumprir inédito terceiro mandato. A responsável, que assumiu o cargo em 2016, assume agora também a parceria que Serralves estabeleceu com a Fundação EDP, para aglutinar o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), e cujos termos ainda estão por conhecer. Sabe-se apenas que o curador João Pinharanda foi nomeado para suceder à italiana Beatrice Leanza, que só cumpriu um mandato.
Na Casa da Música, o Conselho de Administração mudou em 2021, mas continua a manter a direção artística. António Jorge Pacheco ocupa o cargo há 14 anos, o que faz dele a pessoa mais antiga numa direção pública cultural.
