Multidões dominaram primeiros três meses da Capital da Cultura
Em Guimarães, já é dado adquirido que os espetáculos da Capital Europeia da Cultura enchem. Cedo. Qual jogo de futebol que faz o público procurar pelo ansiado bilhete. Foi assim no primeiro trimestre.
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"Está esgotado". É a expressão mais ouvida do outro lado da linha quando se telefona para reservar bilhetes da Capital Europeia da Cultura (CEC).
Se o evento for um concerto, os ingressos voam em horas. Em exposições, cinema, teatro ou dança também acontece o mesmo.
No primeiro espetáculo dos La Fura dels Baus, a 21 de janeiro, estiveram 120 mil pessoas. No segundo, a 24 de março, foram 60 mil. Esta tendência para receber multidões prova-se pelos 80% de taxa de ocupação dos espetáculos da primeira semana de CEC. Hoje, três meses volvidos, a tendência é a mesma: "Todos os indicadores vão no sentido de que a CEC se tornou um fator de elevada atratibilidade de públicos diversificados", adianta ao JN João Serra, presidente da fundação organizadora. Não é preciso serem eventos oficiais. Basta ser em Guimarães para ter gente. Há muito que João Serra percebeu que há uma "tendência para as casas cheias que em espetáculos e exposições estende-se também a iniciativas que não resultam de programação direta da CEC".
Em 70 dias de CEC, já se realizaram quase 150 eventos, dos quais 10 espetáculos de rua e perto de 30 concertos. A maioria é exposições ou cinema e em quase todas é possível ver João Serra na fila da frente.
Está em lugar privilegiado, portanto, para poder dizer qual o surpreendeu mais, pessoalmente: "A viagem, com o Grupo da Corredoura encenado por Marta Francisco". Este festival realizou-se a 16 e 17 de março e misturou música tradicional com contemporânea. Teve casa cheia.
A elevada taxa de ocupação permite obter algum retorno do investimento de 21 milhões de euros previsto para programar todo o evento, dos quais metade já foi submetida ao ON2. "Até ao final de junho deverá estar submetido na totalidade", acrescenta João Serra. No que toca a eventos, nenhum foi cancelado e o programa cumpre-se à risca. O presidente confia que assim continue, uma vez que "a percentagem de projetos que não se encontrem contratualizados ou em fase final de contratualização é muito pequena".
Transformando os espaços não-publicitários em dinheiro, a avaliar pelas tabelas de publicidade dos órgãos de comunicação, o retorno da imagem fica "avaliado em 21 milhões de euros, 100 % do valor total de programação", adiantou a vereadora da Cultura, Francisca Abreu.