Municípios vizinhos à margem da Capital Europeia da Cultura
A dez dias do início oficial da Capital Europeia da Cultura, os municípios vizinhos sentiam-se "à margem" do projecto. A Fundação Cidade de Guimarães admite que na programação do primeiro semestre não os levou em conta e promete emendar a mão.
Corpo do artigo
Em Dezembro de 2010, em conferência de Imprensa, João Serra, então administrador da Fundação Cidade de Guimarães (FCG), prometeu envolver toda a região no projecto da Capital Europeia da Cultura (CEC) e falou mesmo numa possível descentralização de espectáculos.
Mais de um ano volvido, João Serra tornou-se presidente do organismo, mas na programação já anunciada para o primeiro semestre não se dá pela presença dos outros municípios. "Este assunto não está fechado e iremos reconsiderá-lo em alguns espaços abertos que ainda temos no programa", garantiu João Serra, com o pensamento, essencialmente, no segundo semestre da programação de 2012.
Convulsões internas
O presidente da Fundação Cidade de Guimarães admite um certo distanciamento dos municípios da região e uma menor dimensão "na ambição do projecto" formulado há um ano, mas justifica esta situação com as convulsões internas por que passou a FCG a meio de 2011 e que levaram a mudanças na estrutura.
"Nos últimos meses, tivemos de deitar mão ao núcleo central do programa e todas as nossas forças foram concentradas nisso", explicou. Dos municípios vizinhos, alguns já apresentaram projectos a incluir na programação da CEC, mas as respostas que têm tido da Fundação têm sido nulas. "Efectivamente, não estamos envolvidos, mas chegámos a apresentar algumas propostas que ficaram sem resposta", disse, ao JN, Fátima Moreira, vereadora da Cultura da Póvoa de Lanhoso.
Espectáculos... sem rua
No mesmo patamar está o município de Fafe, que chegou a entabular conversações com a FCG no mandato de Cristina Azevedo. "Ficou definido que seriam os municípios a apresentar uma candidatura. A ideia era potenciarem espectáculos de rua para 2012, mas não há qualquer evolução nesse projecto", afirmou Pompeu Martins, vereador da Cultura.
Em sentido contrário pensa Ilda Carneiro. A vereadora do pelouro cultural de Braga entende que "não faz sentido" a descentralização do programa, até porque "as pessoas circulam facilmente" e, embora admita boas relações com Guimarães, "não há nada específico com a FCG". Algo que nem sequer a desagrada, uma vez que não vai criar rivalidades com Braga, Capital Europeia da Juventude no mesmo ano.
Para cultivar uma boa vizinhança, a programação do Theatro Circo foi "esvaziada" nos dias dos grandes espectáculos em Guimarães. João Serra espera, ainda, poder agradar aos vizinhos, mas entende que "só por si" a CEC irá beneficiar toda a região nas mais diversas vertentes, cultural, turística e económica.