A parede do muro exterior da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, junto ao campo Alegre e em direção à Faculdade de Letras da Universidade do Porto, encheu-se de cor, com personagens e obras da escritora Agustina Bessa-Luís.
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O mural junta 12 artistas com estilos muito distintos, mas que se unem para eternizar as obras da escritora Agustina Bessa-Luís. Cada um aceitou o desafio de escolher uma das suas obras e a ler, para a melhor interpretar. Utilizando a mesma paleta de cores para criar harmonia, personagens de "A Sibila", "As pessoas felizes" ou "Joias de Família", estão retratadas na parede. A filha de Agustina, a pintora Mónica Baldaque, também se junta a este mural, retratando a cadeira onde a mãe se sentava a escrever os seus romances.
De carro, a pé, ou noutro tipo de transporte, o mural ainda não terminado, é visto pelas gentes que por ali passam e que não conseguem desviar o olhar, enquanto pegam no telemóvel para tirar uma fotografia.
Miguel Braçais, de 21 anos, estudante na faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a viver na residência da Faculdade de Letras, acaba por passar todos os dias por aquele muro. Admite que no primeiro dia em que o viu ser pintado, suscitou-lhe alguma curiosidade do "que é que isto era", no entanto, com o decorrer os dias, as pinturas encheram o mural de cor e vida, algo que o deixou "muito emocionado, com todo o esforço que eles estão a fazer".
O estudante acaba também por confessar que "lhe alegra o dia", sempre que passa por aquele mural. Apesar de não estar consciente do seu significado, sente que "cada uma destas imagens, tem a sua própria história e apresenta estilos muito diferentes", um dos grandes objetivos da CCDR-N, coordenadora do projeto.
Cátia Graça percorre aqueles 120 metros do mural, todos os dias, para ir buscar o seu filho à escola e apesar de também não saber o seu significado, confessa "estar muito bonito e colorido", acrescentando que "antes não tinha nada" e poderá ser "uma mais valia para a cidade do Porto".
Já Liz Pereira, pintora no pólo de indústrias criativas "Oliva Creative Factory", em São João da Madeira, não hesitou em visitar o mural, depois de ter visto uma reportagem na televisão. Confessou ao JN que estava emocionada: "Acho tudo isto tão belo, mexe tanto comigo", acrescentando que está "um trabalho tão digno e fascinante, deveriam ser feitas muitas mais homenagens a outras pessoas". A pintora ainda faz uma pequena citação, que acredita aplicar-se a este mural: "a arte nunca acaba, há sempre formas de nos exprimirmos de formas diferentes".
Um sentimento de pertença, emoção e alegria é partilhado por todas estas pessoas, que passam pelo mural, independentemente de saberem o seu significado. Agustina e a sua obra irão viver eternizadas neste muro e inconsciente ou conscientemente, a beleza das suas personagens irá ser partilhada nos olhos de cada um de nós.