Mural gigante para festejar o bicentenário de Camilo é inaugurado na quarta-feira

Menos de três anos depois de terem ostentado palavras e imagens alusivas a Agustina Bessa-Luís, os muros da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), no Campo Alegre, voltam a metamorfosear-se.

A pretexto dos 200 anos do nascimento de Camilo Castelo Branco, dezenas de artistas aceitaram o repto da CCDR-N para intervirem nos 120 metros de muro, numa celebração da inventividade camiliana.

Se, como afirma Jorge Sobrado, vice-presidente da instituição, Camilo “é o grande intérprete do temperamento nortenho, extravagante, ousado, independente, apaixonado, telúrico e contraditório”, as intervenções levadas a cabo pelos artistas Daniel Africano, Sphiza, Mots, Daniel Eime, Patrícia Trindade, Godmess, Mesk, Virus, Leonor Violeta, Ana Seixas, Francis.co, Mariana Malhão e Ruído refletem esse colorido humano e literário, explorando uma paleta cromática comum.

Com inauguração esta quarta-feira, às 17 horas, o mural retrata personagens e episódios extraídos da obra do prolífico autor minhoto​. São 12 os livros evocados: “Maria! Não me mates que sou Tua Mãe!”; “Anátema”; “Onde está a Felicidade”; “Amor de Perdição”; “Memórias do Cárcere”; “Coração, Cabeça e Estômago”; “Vinte Horas de Liteira”; “A queda dum Anjo”; “Maria Moisés”; “Eusébio Macário”; “A Brasileira de Prazins” e “Vulcões de Lama”.

Duas frases do romancista emolduram as paredes: “O coração faz milagres e, se não faz milagres, concebe desejos prodigiosamente extravagantes” e “O meu romance é a história do coração humano".

Para Jorge Sobrado, "este mural quer ser uma interpelação camiliana — provocadora, dramática e romanesca, mas também divertida ou desconcertante — aos transeuntes sonâmbulos da cidade e um motivo de beleza e espanto a automobilistas reféns do trânsito portuense. Esperamos que conquiste também novos leitores. No fim de tudo, é essa recompensa que desejamos: novos leitores".