
Exposição percorre a obra de Cargaleiro, um dos últimos mestres vivos da arte portuguesa
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Castelo Branco acolhe dois núcleos do projeto que integra a coleção e a obra de Manuel Cargaleiro.
Manuel Cargaleiro (n.1927) nasceu numa pequena aldeia do distrito de Castelo Branco. Poderíamos defini-lo como um dos últimos Mestres vivos da história da arte portuguesa. Confessa-nos, numa entrevista recente a José Maria Pimentel e ao podcast “45 Graus”, que as mantas de retalhos coloridas, com formas geométricas variadas, que a mãe fazia, lhe ficaram gravadas e influenciam a sua produção artística com uma história de quase oito décadas. O que também não lhe sai, é a tradição cerâmica da Beira Baixa e, em particular, a designada cerâmica “ratinha”, nome dado aos trabalhadores rurais, já referidos em Gil Vicente no século XVI, que iam sazonalmente das Beiras para o Alentejo. Os pratos, decorados com elementos vegetalistas e figuras típicas, surgem-lhes associados mais tarde, estimando-se a sua produção a partir do século XVIII. Tratava-se de loiça rude e de baixa qualidade, mas que cada trabalhador possuía para fazer a sua refeição. Chegou a ser usada como moeda de troca por outros produtos, o que também contribuiu para a sua difusão.
